A Comissão de Organização dos Empregados (COE) entregou ontem (15/9) ao presidente do Santander Brasil, Marcial Portela, documento onde aborda, entre outros temas, estratégia de crescimento, demissões, condições de trabalho, remessa de capitais para a Espanha e pendências dos aposentados, em reunião realizada em São Paulo. Para o representante da Federação dos Bancários de SP e MS na COE e diretor do Sindicato, Cristiano Meibach, os dirigentes sindicais destacaram a cobrança desumana de metas, reivindicaram mais contratações e valorização dos funcionários. “As pessoas são bens preciosos da instituição financeira. No entanto, para Santander concretizar o seu Projeto 3.1 – ser o primeiro no prazo de três anos – deve mudar sua política de recursos humanos, valorizar o quadro funcional”. Segundo ele, o presidente Marcial Portela afirmou que o Santander Brasil não é uma agência da Espanha, mas, sim, uma subsidiária com vida própria. “Inclusive o presidente informou que o Banco na Espanha está muito bem, mesmo com a crise econômico/financeira vivida pela Europa. Para justificar essa posição, declarou que o Santander não tem em seu poder títulos contaminados dos países como a Grécia, Itália e Portugal e que está acima do índice de Basiléia”, observa o diretor Cristiano.
Contratação
O presidente do Santander, indagado sobre a falta de funcionários, reconheceu esse deficit no quadro e anunciou que serão realizadas novas contratações. A reunião contou ainda com a participação do Superintendente de Relações Sindicais, Jerônimo dos Anjos, da vice-presidente de RH, Lilian Guimarães, e da assessora de Relações Sindicais, Fabiana.
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Íntegra do documento entregue ao presidente do Santander Brasil
Ao Sr. Marcial Portela
Presidente do Santander Brasil
Agradecemos a oportunidade da reunião, por intermédio da qual desejamos relatar nossa experiência cotidiana com os trabalhadores e trabalhadoras do Santander no Brasil.
ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO NO BRASIL
O Santander tem proposto tornar-se o melhor banco para trabalhar num período de três anos. Esse também é nosso desejo. Queremos o crescimento e a consolidação do Santander no nosso País. Porém, para atingir essa meta são necessárias mudanças de orientação na gestão da empresa.
O Brasil cresce com inclusão social, geração de empregos e aproveitamento do mercado interno. Os brasileiros estão com a autoestima elevada e se tornaram mais exigentes, mais bem informados e conhecem melhor seus direitos. Agora, também podem escolher.
Não bastam campanhas de mídias para convencer os clientes sobre qual banco é melhor utilizar. O Santander só crescerá no país se respeitar o Brasil e os brasileiros. E isso começa pelos seus próprios funcionários. Ser um banco estrangeiro, que comprou um dos bancos mais queridos pelos paulistas (o Banespa), em seguida o ABN Amro também aceito na nossa sociedade, ainda é fator de rejeição que só será quebrado com claras políticas de apoio ao desenvolvimento humano e material da nossa nação, o Brasil.
O QUE DIZEM OS TRABALHADORES
O Sindicato é o canal que os trabalhadores procuram para relatar suas dificuldades nas relações com os gestores e as políticas do Santander. O trabalho do Sindicato é baseado em dados estatísticos.
1.045 POSTOS DE TRABALHO ELIMINADOS
Verificando informações do balanço, o Santander foi o banco que mais demitiu no país. Mais de mil postos foram eliminados somente no primeiro semestre deste ano, na contramão da geração de empregos promovida por diversos setores da economia brasileira, muitos deles menos lucrativos que os bancos.
CONDIÇÕES DE TRABALHO E VIDA
Metade dos desligamentos trata de pedidos de demissões, números que não podem ser justificados somente pelo aquecimento do mercado de trabalho no Brasil, mas pelo fato de os bancários relatarem não querer mais atuar no Santander devido às condições de trabalho.
Faltam funcionários em todas as agências que, somadas as demissões, impõem uma jornada de trabalho desumana ao conjunto dos trabalhadores.
O Sindicato recebe cotidianamente reclamações de pressões abusivas e desumanas pelo cumprimento de metas de vendas de produtos que nem sempre vem ao encontro dos interesses dos clientes.
O Santander tem 53 mil empregados e outros 33 mil terceirizados. Ou seja, 40% da sua mão de obra está terceirizada, submetida à precarização do trabalho e do serviço prestado aos clientes.
RELAÇÕES SINDICAIS
Estão precárias as relações entre os setores responsáveis pela área trabalhista e o Sindicato. As reuniões nada resolvem, não há respostas para os estudos desenvolvidos e a morosidade prevalece nas negociações. Existe uma firme determinação de não resolver as demandas apresentadas pelos legítimos representantes dos bancários.
REMESSA DE CAPITAIS PARA A ESPANHA
“Não matem a galinha dos ovos de ouro”, que é o Santander no Brasil. É preocupante a remessa de capitais para a Espanha. Os trabalhadores sabem que a política de bônus para os altos executivos está diretamente relacionada à cobrança pelo cumprimento de metas, sobrecarga na jornada de trabalho, assédio moral para se conseguir resultados a qualquer preço para atender a “necessidade” de remessa de capitais para a matriz na Europa.
PENDÊNCIAS DOS APOSENTADOS
O Santander, para se alavancar no mercado brasileiro, adquiriu o Banespa e o ABN Amro, assumiu bônus e ônus. Hoje tem dívidas para com os aposentados, dívidas trabalhistas, como as gratificações semestrais, além de dívidas também com o Banesprev. Em relação ao Santanderprevi a posição do banco em não fazer eleições democráticas para a representação dos participantes, ou ao alterar unilateralmente o plano de previdência dos funcionários oriundos do ABN Amro, gerou descontentamento junto aos trabalhadores. O banco se nega a negociar seriamente esses passivos, o que tem gerado campanhas contra a marca Santander.
Diante de todo esse conteúdo brevemente aqui apresentado, reivindicamos o estabelecimento de negociações responsáveis, o caminho para a solução dos conflitos para que todos trabalhem com os mesmos objetivos.
Certos de contar com a sua atenção para que com a valorização e o respeito aos funcionários, ao Brasil e aos brasileiros, possamos trilhar o mesmo caminho que levará ao crescimento do Banco Santander e do nosso País, nos colocamo-nos à disposição.
Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região – CUT
Contraf-CUT
Fetec-SP-CUT e outras Federações Cutistas
Feeb-SP/MS
Afubesp