Na primeira reunião sobre o tema, realizada no dia 16 deste mês de dezembro, a Comissão propôs a distribuição linear de um delta (promoção por progressão na carreira) para todos os empregados não enquadrados nos impedimentos previstos pelo RH 176 (os impedimentos são ter menos de 180 dias de efetivo exercício, mais de 3 faltas não justificadas, ter recebido censura ética, penalidade de suspensão ou de advertência, caso tenha recebido outra há menos de 5 anos). A Caixa Federal recusou e indicou que os representantes dos empregados apresentassem uma proposta alternativa, também recusada (como informado acima).
A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa Federal (CEE/Caixa), Fabiana Uehara Proscholdt, esclarece: “apresentamos uma proposta alternativa, trazendo elementos da GDP para a sistemática, que mantivesse a condição do empregado atingir um delta caso cumprisse os critérios objetivos. Mas a Caixa recusou porque o que ela quer, de fato, é impor o GDP sem ouvir a representação dos empregados”.
A nova proposta da Comissão estabelecia os seguintes critérios:
– 20 pontos para a frequência medida pelo Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon).
– Curso da Universidade Corporativa Caixa, que é cobrado no “eixo estilo” da GDP, valendo 20 pontos (podendo ser realizado até 28/02/2021).
– Pontuação extra: 5 pontos para quem tiver o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) válido em 31/12/2020.
– Pontuação extra: Ações de autodesenvolvimento, com 2 pontos por curso registrado no currículo; (A pontuação extra teria limite de 10 pontos).
– Avaliação de competências da GDP, valendo 20 pontos.
Explicação: o empregado que alcançasse 40 pontos nesta sistemática teria um delta. O segundo delta seria distribuído às maiores notas da unidade, como nos anos anteriores. A Caixa Federal, no entanto, não aceitou a proposta e manteve a posição inicial de somente utilizar os parâmetros da GDP, que já havia sido recusado pelos representantes dos empregados.
Durante a reunião, a Caixa Federal tentou justificar sua recusa ao dizer que os representantes dos empregados já haviam aceitado o GDP no ano passado. “Isto é ficção. Em nenhum momento a Comissão aceitou ou sequer sinalizou acolher os parâmetros da GDP para avaliação. Pelo contrário, nós propusemos que os critérios acordados no ano passado valessem por dois anos. Basta verificar a ata da reunião. Se fosse verdade, bastava a Caixa fechar a GDP e publicar a promoção por mérito. Não seria necessário voltar a negociar em mesa”, explica o coordenador da representação dos empregados no GT, João Paulo Pierozan.
A promoção por mérito, cabe lembrar, está prevista no Acordo Coletivo 2020/2022. “A Caixa realizará sistemática de promoção por mérito em 2021, referente ao ano base 2020, dos empregados ativos em 31.12.2020 […], conforme regras negociadas com as Entidades Representativas dos Empregados”, diz a cláusula 51 do documento.
Para Fabiana Procholdt, estabelecer a GDP como critério absoluto é aplicar uma avaliação que foi construída por somente um lado – o da Caixa Federal. Esta intransigência, segundo Fabiana, vai contra o propósito de uma comissão paritária. “A essência desta comissão está sendo desrespeitada a partir do momento em que é imposta, por parte da Caixa, uma forma de mensurar o mérito dos empregados por meio de uma ferramenta que já foi denunciada pela CEE/Caixa como instrumento muitas vezes de assédio. A empresa deveria valorizar o seu capital humano por tudo o que fizeram neste ano tão surreal”, disse. “Não discutimos ainda os parâmetros da GDP e desde a Campanha Nacional temos conversado com a Caixa que queremos abrir esse debate. Não vamos aceitar parâmetros que adoecem os trabalhadores”.
Histórico
Desde o fim da Campanha Nacional dos Bancários de 2020, em agosto deste ano, os representantes dos trabalhadores tentam se reunir com a Caixa Federal para discutir as formas de avaliação dos empregados, que serão levadas em consideração para receberem o delta em 2021.
Com os sucessivos cancelamentos e adiamentos por parte do banco público e, agora, a intransigência em relação ao GDP, a CEE/Caixa teme que o impasse provocado pela instituição financeira comprometa o pagamento da promoção aos empregados. “Nós vamos levar a questão para a Mesa Permanente. Nossa opção é sempre o diálogo”, disse Fabiana Proscholdt.
Fonte: Fenae