A saúde do trabalhador está no epicentro de uma discussão mundial que debate a proteção ao emprego e ao trabalho diante de mudanças digitais tão disruptivas, incluindo a popularização de tecnologias como a Inteligência Artificial, que acabam por acelerar um movimento de redução de emprego e, especialmente no setor financeiro, provocam alta taxa de adoecimento da categoria.
Mostrando que este cenário não é exclusivo do Brasil, e em defesa de uma união do movimento sindical mundial em prol de se debater e propor soluções que protejam os trabalhadores, o Seminário Internacional sobre Saúde do Trabalhador – Gestão e Adoecimento nos Bancos foi realizado no dia 29 de maio, em formato on-line. A iniciativa, voltada para compartilhar experiências em saúde dos trabalhadores bancários pelo mundo, foi organizada pelas Secretarias de Relações Internacionais e de Saúde do Trabalhador da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
“O Seminário abordou de forma muito ampla a saúde dos trabalhadores, revelando que muitas situações que vemos aqui no Brasil se repetem em outros países”, destaca o diretor de saúde, Gustavo Frias. Além dele, também representou o Sindicato no Seminário a diretora Kátia Fernanda Tavernaro.
Para eles, uma das apresentações de destaque do evento foi a de Anna Maria Romano, dirigente da CGIL (Itália) e presidenta da UNI Finanças, que compartilhou a experiência da UNI Global Union. “Ela falou das mudanças digitais, incluindo o uso da inteligência artificial e a hiperconectividade, e como a tecnologia muitas vezes acarreta uma hipervigilância do trabalhador e, consequentemente, no aumento do estresse e no adoecimento”, recorda Kátia.
Já Maricarmen Donato, secretária de Relações Internacionais da UGT Espanha, apresentou as ações dos trabalhadores espanhóis. Em seu país, ela relatou que chama a atenção a evasão de bancários, por excesso de reuniões, adoecimento e demissões. Ela criticou a falta de uma legislação para regulamentação de riscos psicossociais no ambiente de trabalho. “Na Espanha, 96% dos bancários tomam remédios ansiolíticos para poder continuar trabalhando”, recorda Kátia.
“O Seminário da Contraf-CUT reafirma a importância de fortalecermos o movimento sindical e de que exista uma atuação sempre próxima do trabalhador. O bancário deve procurar ajuda sempre que sentir necessidade e ter segurança de que esta luta, em prol da saúde, está entre as nossas prioridades”, diz Gustavo.
Condição de saúde no Brasil
O seminário contou também com a participação de Patricia Rinaldi, da Associación La Bancaria Argentina, que discutiu a saúde dos trabalhadores argentinos, e da doutora Maria Maeno, médica e pesquisadora da Fundacentro, que abordou a condição de saúde dos trabalhadores brasileiros.
Maeno falou sobre o papel do Estado na defesa do cidadão e promoção da saúde e como o sistema financeiro culpa o próprio trabalhador por seu adoecimento, reafirmando o papel de protagonista dos Sindicatos para revelar doenças relacionadas ao trabalho e lutar por regulamentação.
Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT, afirmou que essa atividade foi apenas o primeiro passo de muitos que devem ser dados para buscar estratégias comuns de enfrentamento às violências institucionais nos bancos.
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