O foco foi a crítica do movimento sindical ao modelo de gestão dos bancos e o excesso de metas que têm levado a um alto índice de adoecimento da categoria. “Este tema é prioridade para nós e não podemos permitir que os bancos continuem com modelos de gestão que estão deixando os trabalhadores doentes”, avalia o presidente do Sindicato, Lourival Rodrigues, que participou da reunião.
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Durante o encontro, foram apresentados dados alarmantes sobre o adoecimento da categoria, baseados em pesquisa da Contraf-CUT, realizada ano passado em parceria com a UNB, e também na Consulta Nacional e em estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Apesar de representar 0,8% do emprego formal no Brasil, em 2022, a categoria bancária respondeu por 3,7% dos 105,2 mil afastamentos acidentários e 1,5% dos 928,5 mil afastamentos previdenciários naquele ano – número três vezes maior que a média.
Além disso, a Consulta Nacional, com participação de mais de 47 mil bancários, realizada este ano, reafirma a relação direta entre metas exageradas e problemas de saúde. Ela aponta, como exemplo, que: 67% dos bancários reconhecem preocupação constante com o trabalho; enquanto que 60% apresentam cansaço e fadiga constantes e 47% sofrem com crises de ansiedade/pânico.
Levantamento do Dieese, com base em dados do INSS e da RAIS, mostra ainda que a categoria bancária foi responsável por 25% de todos afastamentos acidentários, relacionados à saúde mental, em 2022.
“Estamos falando de preocupação com o trabalho, cansaço e fadiga constantes, dificuldade de dormir, medo de perder a cabeça. Queremos ações concretas dos bancos contra isso”, pontuou a coordenadora do Comando Nacional, Juvandia Moreira, que também é presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
As reivindicações dos trabalhadores priorizam quatro eixos:
- Definição de metas e a política de gestão na aplicação das mesmas, para que não sejam conduzidas de forma abusiva e que, a elaboração dos programas de metas conte com a participação dos trabalhadores;
- Combate ao assédio moral com proteção aos bancários que denunciem, e, para que haja justa apuração.
- Fluxo humanizado para o atendimento dos trabalhadores e trabalhadoras que, em decorrência de doenças, precisem acionar o INSS para afastamento – neste ponto foi destacado como inaceitável pelos dirigentes a prática da “compra da estabilidade”, praticada pelo Itaú, para demitir bancários que retornam da licença médica.
- Direito à desconexão para o cumprimento de cláusula que assegura o direito aos trabalhadores de não terem que participar de reuniões e de não receberem qualquer tipo de mensagem de trabalho após o horário laboral.
Bancos negam a realidade
Mesmo com os dados apresentados, a Fenaban enfatizou que a gestão por metas não adoece, negando a realidade. “Porém, o banco reconheceu que o número de denúncias de casos de assédio aumentou o que contradiz o argumento de que não há nada de errado com o modelo de gestão. De qualquer forma, não tem como, diante de tantos dados, negar que os bancários estão doentes”, diz Lourival Rodrigues.
“É um absurdo a Fenaban negar que os bancários estejam doentes. Sabemos que no ambiente de trabalho é notório que as doenças mentais estão relacionadas com as cobranças abusivas”, disse Reginaldo Breda, secretário-geral e representante da Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb SP/MS) na mesa de negociação. Por fim, os bancos prometeram que irão trazer, em próximas reuniões, propostas de avanços sobre os temas cobrados. A próxima mesa de negociação será dia 6 de agosto, iniciando o debate nas cláusulas econômicas.
Com informações: Contraf-CUT