
Os bancários estão entre as categorias com maior número de afastamentos por doenças mentais relacionadas ao trabalho no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), compilados pela plataforma Smartlab, e recentemente divulgados.
O levantamento aponta que o top 5 das categorias com mais afastamentos por saúde mental no período é composto por, respectivamente, motoristas de ônibus, gerentes de banco, escriturários de banco, técnicos de enfermagem e vigilantes.
O crescimento recente é alarmante: entre 2023 e 2024, o total de afastamentos por transtornos mentais (somando benefícios relacionados ou não ao trabalho) saltou de 283 mil para 471 mil, um aumento de 66% em um único ano.
Segundo o INSS, o enquadramento como doença ocupacional (B91) ocorre quando a perícia médica reconhece que o problema de saúde tem relação direta com o trabalho. No caso dos gerentes de banco, 37,76% dos 13 mil afastamentos foram classificados como B91 — a maior proporção entre as categorias analisadas. Já entre os escriturários, apenas 18,77% dos quase 23 mil casos tiveram o mesmo reconhecimento.
Para o secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, os dados revelam uma crise silenciosa de saúde mental que reflete o modelo de gestão adotado nos bancos. Ele defende a adoção concreta de medidas efetivas para prevenir o adoecimento psíquico.
Excesso de metas
O movimento sindical vem alertando há anos para os impactos do excesso de metas, da sobrecarga de trabalho e das novas tecnologias de controle sobre a saúde dos bancários. A entidade defende o fortalecimento das políticas públicas de saúde do trabalhador e a aplicação efetiva da Lei nº 11.430/2006, que criou o Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP), mecanismo que deveria facilitar o reconhecimento de doenças relacionadas à atividade profissional, mas que, segundo especialistas, vem sendo subutilizado.
“Existe um apagamento do nexo técnico epidemiológico”, afirmou a médica Maria Maeno, pesquisadora da Fundacentro, reforçando que o adoecimento mental relacionado ao trabalho ainda enfrenta grande dificuldade para ser reconhecido, tanto pelas empresas quanto pela Previdência Social.
A Contraf-CUT defende que o combate ao adoecimento mental seja tratado como prioridade nas mesas de negociação e que as autoridades públicas intensifiquem a fiscalização e responsabilização das empresas.
(Fonte: Contraf-CUT)

