
A mobilização integra a jornada nacional de protestos contra a postura arbitrária do banco, que promoveu mais de 1.000 demissões na última semana.
As dispensas ocorreram sem aviso prévio e foram justificadas pelo Itaú com base em monitoramento digital, que teria apontado baixa produtividade de empregados em regime remoto e híbrido.
Segundo a representação sindical, no entanto, diversos desligados cumpriam a rotina exigida e chegaram a receber promoções e prêmios por desempenho nos últimos meses. Apesar da pressão, o banco tem reiterado que não pretende rever a decisão.
“O Itaú desrespeita trabalhadores que sempre cumpriram suas funções e é por isso que devemos transformar nossa indignação em mobilização para defender nossos direitos e colocar limites ao uso abusivo da tecnologia”, afirma a diretora do Sindicato, Daniele Miyachiro.
Durante o ato, iniciado pela manhã, e que se estende até as 16h, a agência será mantida fechada, para que os dirigentes sindicais conversem com bancários e com a população sobre os impactos das demissões.
“Estamos aqui hoje na defesa do trabalho e dos trabalhadores injustamente demitidos. O banco é truculento, não quer negociar e, em resposta, estamos unidos em todo o País contra essa injustiça”, reforçou Daniele.
Monitoramento digital e riscos
De acordo com informações apuradas pelos sindicatos, o Itaú utilizou softwares que medem períodos de inatividade nos computadores corporativos para embasar os cortes. O banco afirma que as demissões resultam de uma “revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e ao registro de jornada”.
Para o movimento sindical, a medida é preocupante por dois motivos: o risco de falhas nas métricas de monitoramento e a ausência de diálogo ou advertências prévias aos trabalhadores. O Ministério Público do Trabalho (MPT) já abriu investigação sobre as dispensas e o uso de sistemas de controle eletrônico. Além disso, sindicatos estudam recorrer ao Judiciário.
Debate legal e político
O episódio no Itaú reforça a necessidade de discutir os limites do controle digital da jornada, a exigência de previsão contratual e o respeito à privacidade dos empregados. Também coloca em pauta a validade de demissões baseadas exclusivamente em dados de monitoramento, em substituição à gestão direta, o que pode abrir margem para violações de direitos trabalhistas.
A polêmica também contrasta com o desempenho financeiro do Itaú: apenas no primeiro semestre de 2025, o banco registrou lucro líquido de R$ 22,6 bilhões e sinaliza o que deve estar em debate nos próximos anos. “Em 2026, além das eleições presidenciais, haverá a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria bancária. Discutir o uso de novas tecnologias e seus limites é uma pauta essencial para proteger os trabalhadores”, avalia Daniele Miyachiro.




