
Nesta segunda-feira, 31 de março, o Comando Nacional dos Bancários (formado por representantes dos Sindicatos) se reuniu com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), na mesa de Igualdade de Oportunidades.
Entre os pontos abordados no encontro, marcado para concluir as atividades do Mês da Mulher, estão as ações dos bancos para reduzir a desigualdade salarial e de ascensão entre homens e mulheres.
Também foram abordados o programa “Mais Mulheres na TI” (resultado da negociação do ano passado) e o atendimento dos canais de combate à violência de gênero. O presidente do Sindicato, Lourival Rodrigues, participou da mesa, considerando-a uma importante oportunidade para “cobrar dos bancos medidas concretas para diminuir as diferenças salarias entre homens e mulheres”.

Desigualdade salarial
Levantamento do Dieese, a partir de dados oficiais, apresentado na mesa, revela que nos bancos as mulheres recebem, em média, 19% menos que os colegas homens. No recorte racial, o cenário é ainda pior: as bancárias negras têm remuneração 34,5% inferior à remuneração média do bancário branco do sexo masculino.
As bancárias também destacaram o avanço da desigualdade salarial de gênero quanto maiores são os cargos. Enquanto que, numa função da base, como de escriturários, as mulheres recebem, em média, 96% da remuneração dos homens, nos cargos de dirigentes e gerentes elas recebem 68,9% da remuneração dos colegas homens.
Vale lembrar que a categoria conquistou, na última renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), o compromisso dos bancos de alcançar a paridade de remuneração entre homens e mulheres. A proposta é que as empresas acelerem o cumprimento da Lei de Igualdade Salarial, em vigência no país desde 2023.
Com base em dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) dos últimos 10 anos, o Dieese estima que a categoria bancária poderá alcançar a paridade salarial em 46 anos. A título de comparação, o Fórum Econômico Mundial aponta que a equidade salarial de gênero levará 131 anos para ser atingida, na realidade global.
Outro dado que reforça a desigualdade é que, entre 2020 e 2024, é que mais mulheres foram demitidas. No período, o saldo de emprego na categoria bancária foi negativo em 17.066 postos de trabalho, porém as admissões foram maiores para homens e os desligamentos muito superiores para as mulheres, fazendo com que o saldo negativo de empregos para os homens ficasse em 730 postos e o das mulheres negativo em 16.336 postos.
“Ou seja, mais de 95,7% dos postos de trabalho fechados nos bancos foram os que eram ocupados por mulheres”, lembra Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Contraf-CUT.
Outros pontos
Representantes das escolas PrograMaria e Laboratória trouxeram dados da primeira fase do programa “Mais Mulheres na TI”, conquistado pela categoria na última renovação da CCT. O programa prevê 3.100 bolsas para a capacitação de meninas e mulheres. Desse total, 1.000 já foram selecionadas pela PrograMaria e 118 pela Laboratória. Uma segunda fase de inscrições será aberta, ainda neste semestre, e divulgadas pelo movimento sindical.
Por fim, à pedido do movimento sindical, os bancos prestaram dados sobre outra conquista da categoria na CCT: a oferta de canais de combate à violência doméstica. Segundo a Fenaban, 84% dos bancos já disponibilizam canais de denúncia e acolhimento e outros 11% afirmaram que irão implementá-los em 2025.
O Comando Nacional também apresentou dados do programa “Basta!”, promovido exclusivamente pelo movimento sindical: desde 2021 foram 14 canais criados em todas as regiões do país e 504 atendimentos.
Ficou negociada a realização de um novo encontro, em abril, com as áreas de Recursos Humanos (RHs) dos bancos, não só dos que já participam comissão de negociação. Neste encontro, o Comando Nacional irá apresentar a diferença salarial e de oportunidades e as propostas para alcançar equidade. (Com informações Contraf-CUT)