
No entanto, com relação aos funcionários o cenário é de retrocesso, com índices cada vez mais altos de adoecimento por conta de um modelo de gestão sustentado em metas inalcançáveis, sobrecarga de trabalho e assédio moral recorrente.
Tem mais (mostrando que não basta deixar o bancário doente): o Sindicato alerta para outra prática preocupante adotada pelo Itaú Unibanco nos últimos meses que é a oferta de uma “indenização” para trabalhadores afastados pelo INSS por motivos de saúde ou em período de estabilidade provisória garantida por lei em troca da rescisão do contrato de trabalho.
“É uma situação delicada, pois estamos falando de trabalhadores que, em muitos casos, não estão em condições ideais para tomar decisões tão importantes sobre o futuro de sua relação de emprego. A estabilidade é um direito conquistado justamente para garantir que o bancário tenha segurança durante o período de recuperação”, destaca a diretora Daniele Miyachiro.
Ela explica que um dos principais pontos de questionamento é a falta de transparência do banco na condução da prática, uma vez que os bancários relatam que a oferta recebida é verbal (incluindo a promessa de manutenção do plano de saúde após a demissão) e que, mesmo sem nenhuma garantia, o trabalhador é orientado a passar pela Comissão de Conciliação Voluntária (CCV) e concordar com a quitação total de quaisquer débitos trabalhistas.
Desta forma, o trabalhador fica impedido de questionar judicialmente no futuro qualquer direito remanescente. “Por isso, o Sindicato recomenda que os bancários procurem o departamento jurídico e conversem sobre a proposta. A decisão é sempre do bancário, mas acreditamos que cada caso precisa ser analisado individualmente até como uma garantia de assegurar todos os direitos devidos”, reforça.
A diretora Simone Patette, também bancária do Itaú, endossa a orientação de procurar o Sindicato como forma de receber a melhor orientação. “Hoje no Itaú vemos que, apesar do lucro, o quadro de bancários é insuficiente, com sobrecarga de trabalho e desgaste físico e emocional dos bancários. Além disso, o banco ignora os relatos de assédio ou abuso, até mesmo feitos ao ombudsman, aumentando a pressão e levando o trabalhador ao afastamento para, então, desliga-lo. Isso é muito errado!”, diz.