
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) voltou a desvalorizar a categoria bancária e negou a reivindicação por aumento real, na rodada de negociações realizada nesta terça-feira (27/08) com o Comando Nacional dos Bancários, que representa os Sindicatos.
A primeira proposta do dia foi de reajuste de 90% do INPC, o que resultaria em perda salarial de 0,38%. O Comando rejeitou prontamente e uma pausa foi solicitada pelos bancos.
No retorno, os bancos ofereceram concordaram com 100% do INPC nos salários e demais verbas, mas com um detalhe: a correção seria somente a partir de janeiro de 2025. Com essa proposta, a antecipação da participação nos lucros e resultados (PLR) ocorreria sem reajuste.

O comando rejeitou novamente. “Mais uma vez saímos da mesa de negociação nos sentindo extremamente desrespeitados pelos bancos. Sabemos o quanto o setor lucra, são bilhões anualmente, mas é assim que reconhecem o trabalho do bancário, sem oferecer nada de ganho real!”, diz presidente do Sindicato, Lourival Rodrigues.
Ele destaca os cálculos do Dieese, apresentados durante a negociação, que indicam que, caso a reposição ocorra apenas em janeiro, os bancos retirariam do bolso das trabalhadoras e trabalhadores cerca de R$ 1,2 bilhão, considerando salários, primeira parcela do 13º, vale alimentação e vale refeição e antecipação da PLR.
“As negociações serão retomadas amanhã, quarta-feira (28), a partir das 10h, quando esperamos que os bancos finalmente nos apresente uma proposta decente, com ganho real, e considerando que o prazo para renovar a Convenção termina dia 31”, diz Lourival.
Outras reinvindicações
O comando cobrou que, no próximo encontro, os bancos respondam às reivindicações sobre suporte aos pais de PCDs, o combate ao endividamento dos bancários, respeito ao direito à desconexão, combate à terceirização, garantia dos empregos, ampliação do teletrabalho, além do aumento real da remuneração e PLR, entre outros pontos da minuta.
O coletivo também decidiu pela realização de assembleias, antecedidas de plenárias, para que a categoria avalie propostas ou os rumos das mobilizações. A data será divulgada pelo Sindicato em breve.
Para Fenaban, a culpa é dos bancários
A Fenaban culpou as trabalhadoras e trabalhadores “por encarecerem os produtos dos bancos” e voltou a reclamar da concorrência, sem dizer, entretanto, que muitos bancos são detentores de instituições de pagamentos.
O comando rebateu e lembrou que as principais receitas dos bancos representam 10 vezes as despesas de pessoal, enquanto que, nas cooperativas, essa relação é de 7 para 1 e, nas instituições de pagamento de 1,3 para 1.
Assim, mesmo que as despesas de pessoal dos bancos sejam superiores as das cooperativas e das instituições de pagamento, as receitas dos bancos são 15 vezes maiores que das cooperativas e 123 vezes maiores que das instituições de pagamento, segundo dados dos balanços do 1º trimestre de 2024.
A Fenaban disse ainda que a concorrência no setor afeta o emprego bancário, argumento também desmontado pelos representantes dos trabalhadores, que observaram que o processo de plataformização (impulsionamento da inovação) nos bancos está sendo utilizando como estratégia para demitir e contratar trabalhadores terceirizados e autônomos.
“E mesmo que os bancários não tivessem reajustes, os bancos continuariam fechando agências e demitindo. E isso tem haver com ganância e não com concorrência”, lembra coordenadora do comando e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
Atenção bancários: fiquem atentos ao site e as redes sociais do Sindicato para novas informações sobre os próximos passos da categoria.
#MerecemosRespeito
(Com informações Contraf-CUT).