Relatos recentes de bancários aos diretores do Sindicato apontam que o banco está utilizando a IA para monitorar e punir funcionários com base em gravações de atendimentos relacionados ao título de capitalização.

O “Robô do PIC”, como vem chamado pelos trabalhadores, monitora as ligações com o objetivo de identificar palavras-chave que, segundo o banco, indicariam uma venda incorreta. Porém, o sistema não explica, nem mesmo para os gestores, qual foi o motivo da “infração” que gerou a punição.
“Entendo que a aplicação de medida orientativa, disciplinar advertência verbal ou escrita deve ser claramente explicada pelo gestor e que deve orientar em como se enquadrar nos padrões que o banco descreva como correto, mas sem explicações é muito complicado. Os funcionários estão vivendo em completo monitoramento e apreensão!”, diz a diretora Simone Patette.
De acordo com o apurado pelo Sindicato, palavras corriqueiras relacionadas ao produto como “resgate”, “investimento” ou “poupança”, estão na lista das punições. “Não somos contra a modernização, mas exigimos que a tecnologia seja utilizada para melhorar as condições de trabalho, e não para criar um ambiente de medo e punição”, afirma o presidente do Sindicato, Lourival Rodrigues.
“Os bancários, que já enfrentam uma rotina exaustiva e metas abusivas, agora convivem com o medo constante de serem penalizados por um robô. O Itaú deve explicações para os trabalhadores”, completa.
Feito de futuro?
A diretoria do Sindicato destaca que a situação se agrava diante do slogan do Itaú, que ironicamente se apresenta como “feito de futuro”. “Contudo, o futuro prometido pelo banco parece estar longe de representar avanços na gestão humana e na promoção de um ambiente de trabalho saudável”, diz o diretor Vander da Cunha Claro.
COE cobra explicações sobre outras advertências aplicadas pelo Itaú
Reunida com a direção do banco, nesta segunda-feira (19/08), a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú cobrou explicações sobre medidas disciplinares que o banco vem aplicando nos funcionários.
Nos últimos tempos, muitos trabalhadores têm procurado os sindicatos relatando demissões por justa causa e a COE busca entender como essas medidas estão sendo implementadas.
Valeska Pincovai, coordenadora da COE Itaú, destacou a pressão crescente sobre os bancários: “Além das pressões para bater metas, do fechamento de agências, da terceirização, o bancário do Itaú agora vive o terror das medidas disciplinares. Queremos respeito e valorização dos trabalhadores!”
A representação apurou que o Itaú está advertindo bancários também em decorrência da falta de certificação CPA. Durante o encontro, o Itaú informou que suspendeu as advertências emitidas até o momento por falta do documento e que concederá um prazo até setembro para que os funcionários regularizem sua situação.
Além disso, a COE solicitou que os casos sejam avaliados individualmente, com especial atenção para os funcionários que, por motivos de saúde ou outras questões que comprometam a concentração, não conseguem ser aprovados na certificação. O banco se comprometeu a analisar a possibilidade de ampliação do prazo e de permitir a avaliação individual desses casos. (Com informações da Contraf-CUT sobre a COE)