
Além de não apresentar proposta de reajustes, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) voltou a propor precarização e a retirada de direitos da Convenção Coletiva dos Bancários (CCT) em rodada de negociação realizada nesta terça-feira (20/08).
Os Sindicatos, entretanto, mais uma vez se negaram a discutir cláusulas que resulte em perdas para os trabalhadores. Além disso, o Comando Nacional cobra que os bancos apresentem uma proposta compatível com os lucros e a rentabilidade do setor financeiro.
“Saímos da mesa de negociação ainda sem uma proposta concreta dos bancos que seguem enrolando e sugerindo retirada de direitos, o que, claro, não iremos aceitar. Cobramos que a Fenaban apresente uma proposta real na mesa de amanhã”, diz o presidente do Sindicato, Lourival Rodrigues.
Além dele, a vice-presidente do Sindicato, Ana Stela Alves de Lima, esteve na negociação. Ela representa a Feeb-SP/MS no Comando Nacional.
Após pressão da representação, a Fenaban se comprometeu a trazer o índice na reunião desta quarta-feira (21/08).
Retirada de direitos

Entre os itens da CCT que a Fenaban atacou na mesa de negociação desta terça estão a participação nos lucros e resultados (PLR), os direitos garantidos aos trabalhadores afastados pelo INSS por motivo de doença e os vales alimentação e refeição.
A Fenaban sugeriu ainda a segmentação da CCT por porte de banco. A proposta foi recusada terminantemente pelo Comando. O argumento utilizado pela Fenaban, e bastante fragilizado, foi a existência de pequenos bancos que não alcançam os mesmos lucros e retornos sobre o patrimônio líquido.
Sobre esse ponto, o Comando Nacional rebateu que a comparação não é válida, apontando exemplos de bancos menores que praticam taxas de juros abusivas e que faz com que haja inadimplência elevada.
“Um banco, usado como exemplo pela Fenaban aqui na mesa de negociação, no site do Banco Central está como sendo o segundo com a maior taxa de juros do cartão de crédito no país: 994% ao ano, ou 22% ao mês. Um verdadeiro abuso. Então, se o banco tem dificuldades de rentabilidade e lucro, esse problema não é por causa do pagamento com o pessoal, e sim porque prática taxas de juros abusivas, que faz com que tenha uma inadimplência de 14%, enquanto a média do sistema financeiro é 3,3%”, destacou a presidente da Contraf, Juvandia Moreira.
Ela reforçou ainda o fato de que, somente em 2023, os bancos tiveram lucro de R$ 145 bilhões, reiterando a capacidade do setor em atender as reinvindicações da categoria.
Mobilização nas redes sociais
Novamente bancários de todo o país se uniram em mobilização nas redes sociais, utilizando a hashtag #JuntosPorValorização, em paralelo a negociação. O ato, realizado pela manhã, sugeriu que a categoria marcasse a Febraban (@febraban_oficial) nas postagens, cobrando valorização da categoria. O assunto ficou em terceiro lugar entre os mais comentados na rede X, com um total de 13,2 mil posts.
Saiba quais são as principais reivindicações dos bancários na Campanha Nacional 2024 e já apresentadas em rodadas anteriores
- Reajuste salarial que contemple a reposição pelo INPC acumulado entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido de aumento real de 5%.
- Melhoria nos percentuais da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
- Valorização das demais verbas, como tickets alimentação e refeição, auxílio-creche e auxílio-babá.
- Fim da gestão por metas abusivas, que tem gerado adoecimento na categoria.
- Reforço nos mecanismos de combate ao assédio moral e sexual.
- Direito à desconexão.
- Inclusão e suporte para pessoas com deficiência (PCDs), neurodivergentes e pais de filhos com deficiência.
- Ampliação da presença feminina na área de TI.
- Combate à terceirização e garantia de empregos.
- Jornada de trabalho de quatro dias.
- Expansão do teletrabalho.
(Com informações Contraf-CUT)