O coordenador da CEE, Rafael de Castro, destacou que quase 76% de afastamentos para tratamento de saúde de empregados da Caixa, devido a questões relacionadas ao trabalho (B91), estão relacionados a problemas mentais ou comportamentais.
A estatística é baseada em dados do INSS, levantados pelo Dieese para a Contraf-CUT. “E todos nós aqui, de ambos os lados da mesa, sabemos que esses problemas são causados pelas ferramentas adoecedoras utilizadas pelo banco para fazer a gestão de pessoas e a cobrança abusiva de metas, além de falta de orientação da direção para gerir as equipes de forma de fato humanizada”, cobrou.
Para o diretor do Sindicato, Carlos Augusto (o Pipoca), que esteve na reunião, ainda há muito o que se avançar no banco quando o tema é saúde. “A Caixa apresentou uma série de programas de prevenção ao adoecimento, mas questionamos qual o alcance e a efetividade dessas iniciativas e qual o papel da cobrança de metas como estopim para o estresse”, diz.
“A Caixa precisa olhar para todos os instrumentos de acompanhamento que possui e observá-los enquanto instrumentos adoecedores que são. O TDV (time de vendas), por exemplo, coloca os trabalhadores para disputarem individualmente”, completa o representante da Feeb-SP/MS, Tesifon Quevedo Neto.
Por outro lado, é apontado como positivo pelo diretor do Sindicato que a Caixa tenha adotado um processo menos burocrático em casos de bancários diagnosticados com autismo e a retomada da área de gestão de pessoas que “é muito importante para a qualidade do trabalho e o cuidado com a saúde.”
Dados do Dieese ligam sinal de alerta
O levantamento realizado pelo Dieese apresentado na mesa aponta que, entre os principais motivos de afastamentos acidentários (B91) das empregadas e empregados da Caixa, 75,4% sejam devido tratamentos de doenças mentais e comportamentais; 12,8% por doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo; 3,1% a fraturas; e 0,2% a problemas nervosos.
Segundo a Caixa, a taxa de absenteísmo no banco é de 3,51% e todos os empregados que tenham sido cobrados por tratamentos de doenças relacionadas ao trabalho (B91), devem entrar em contato para serem ressarcidos, pois os custos são de responsabilidade do banco.
A Caixa também se comprometeu a acabar com o feedback de caráter punitivo e utilizar o mecanismo apenas para contribuir com o desenvolvimento das empregadas e empregados.
Os dirigentes sindicais também lembraram que faz dois anos que toda a mídia divulgou as denúncias de assédio moral e sexual envolvendo o ex-presidente do banco, Pedro Guimarães, e que não houve punição para o principal denunciado. Cobraram solução para o caso para evitar que empregados e empregadas fique com receio de denunciar e ainda serem punidos por fazerem a denúncia.
Outros temas
Os empregados também exigiram a melhoria do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com mais credenciamento de profissionais e clínicas de saúde para a realização dos exames e também com políticas efetivas de prevenção.
E voltaram a pedir o fim do teto de 6,5% da folha de pagamentos para gastos da Caixa com a saúde dos empregados. A representação alega que teto foi inserido no estatuto do banco por causa de uma leitura equivocada do CPC33, que limita os gastos das empresas de economia aberta com a saúde dos empregados. Como a Caixa não possui ações na Bolsa de Valores, não teria a obrigação de se enquadrar ao CPC33.
A Caixa se dispôs a realizar uma reunião do GT de Saúde, para tratar de questões específicas que envolvem o Saúde Caixa na terça-feira (30), ainda sem horário definido e, a pedido dos empregados, divulgou a relação de nomes dos responsáveis pelas Gipes, que começam a funcionar a partir de 5 de agosto.
Além disso, a representação dos empregados entregou à Caixa um documento com propostas para o equacionamento do déficit do plano REG/Replan, da Funcef e cobrou a instalação de um grupo tripartite entre a Contraf/CEE, a Caixa e a Funcef para negociar o equacionamento. (Com informações Contraf-CUT)