A inclusão, com garantia de ascensão, às pessoas com deficiência (PCDs) no setor bancário foi o tema que abriu a mesa de negociações sobre “Saúde e Condições de Trabalho”, realizada nesta quinta-feira (18/07), entre o Comando Nacional dos Bancários, formado pelos dirigentes sindicais, e a direção da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).
O encontro, realizado no âmbito da Campanha Nacional para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), foi pautado em estatísticas, apresentadas pelo Dieese, que revelam que os PCDs representam apenas 4% dos cargos da categoria bancária.
O presidente do Sindicato e também representante da Feeb-SP/MS na mesa de negociação reafirma a importância desse debate sobre inclusão entre os bancários.
“A reivindicação dos Sindicatos é pela garantia não apenas do acesso ao emprego no setor e de condições de trabalho adequadas, mas de ascensão, com o combate ao preconceito e em defesa da igualdade de oportunidade”, disse.
Ele, que é diretor jurídico da Contraf-CUT, lembra ainda da existência do Decreto Federal (nº 3.298, de 1999) que determina que empresas com mais de 100 funcionários destinem, obrigatoriamente, de 2% a 5% do seu quadro para profissionais com deficiência.
“Porém a mesa debateu, não só a contratação, mas principalmente a valorização desses professionais e o respeito as suas necessidades”.
Mães e pais
A funcionária do Banco do Brasil, secretária da Juventude da Contraf-CUT e também mãe de uma adolescente PCD, Bianca Garbelini, ressaltou a reivindicação para que mães e pais de pessoas com deficiência tenham a redução de jornada para acompanhamento médico e educacional dos filhos.
“Podemos pensar ainda na priorização para o teletrabalho, não só para os pais e mães de PCDs, mas também aos bancários e bancárias com deficiência”, complementou.
Outra reivindicação da categoria apresentada na mesa é o abono de faltas aos trabalhadores com deficiência, considerando que, muitas vezes, precisam se ausentar do trabalho para ajustes técnicos de equipamentos e próteses ou realização de terapias específicas, conforme a condição da deficiência.
Neurodivergentes
Os trabalhadores também destacaram a questão dos neurodivergentes, pessoas com diferenças neurológicas variáveis (entre os quais diagnósticos como dislexia, TDHA e autismo) e sobre a igual necessidade de inclusão e amparo. “Falamos sobre a importância de se ampliar o conhecimento sobre quem são os neurodivergentes, até para que haja melhor convivência com os colegas de trabalho, e para que eles possam estar, de fato, incluídos no ambiente de trabalho”, destaca Lourival.
Também é pedido pelo movimento sindical a criação de uma comissão bipartite (indicados pela Contraf e Fenaban) para deliberar sobre a contratação de trabalhadores com deficiência e sobre políticas de inclusão.
Os representantes da Fenaban reconheceram que ainda há muita desinformação sobre o tema, em especial na questão dos neurodivergentes, e disseram que vão levar as demandas da categoria aos bancos, para construir respostas às reivindicações.
Segurança bancária
Os trabalhadores apresentaram dados de uma consulta, encomendada ao Dieese, com bancários de unidades de negócios e postos de autoatendimentos, de todas as regiões do país. Ao serem perguntados se, nos últimos 24 meses, sofreram algum tipo de agressão, partindo de clientes ou usuários, 69% responderam que sim.
Quando perguntados qual foi a primeira pessoa que o funcionário procurou, no momento da agressão, a resposta da maioria (38,7%) foi o vigilante – o que mostra a importância da manutenção desses profissionais nos bancos.
Além da segurança bancária no ambiente físico, os trabalhadores reivindicaram a segurança bancária no ambiente digital. os bancos afirmaram que as mudanças estruturais do setor reduzem a necessidade de vigilantes e portas giratórias.
A próxima mesa de negociação será dia 25 de junho com tema “Saúde e condições de trabalho: combate aos programas de metas abusivas”. (Com informações Contraf-CUT)