
O cenário de destruição do Rio Grande do Sul, que vive a maior tragédia climática de sua história, assim como a preocupação do povo brasileiro com a reconstrução do povo gaúcho, traz questionamentos inevitáveis, entre eles: o de como cuidar do Planeta e viver em harmonia com a natureza? Ou como evitar que situações semelhantes ocorram de novo?
Diante de uma responsabilidade compartilhada entre todos nós, o seminário “Impactos e Desafios para uma Transição Justa e Desenvolvimento Sustentável”, promovido pela Contraf-CUT, no último dia 8/5, debateu a crise climática e sua relação com a economia.
O evento ressaltou a importância dos Sindicatos no diálogo sobre a transição para uma economia de baixo carbono e a preocupação em amenizar as desigualdades sociais. “O termo “transição justa”, que surgiu nos anos 1960 nos EUA, destaca a necessidade de garantir segurança aos trabalhadores durante mudanças econômicas, como assegurar empregos dignos, especialmente diante do aumento da inteligência artificial e de mudanças no mercado de trabalho, cenário tão familiar aos bancários”, conta o presidente do Sindicato, Lourival Rodrigues da Silva, que participou do Seminário.
Para ele, um dos pontos de destaque do evento foi justamente o debate sobre a participação dos trabalhadores nas discussões climáticas ou relacionadas ao desenvolvimento sustentável.
“Vemos as grandes corporações debaterem sobre os impactos do clima, mas é igualmente relevante pensar em como inserir o trabalhador nessa discussão. Inclusive, o desafio é pensarmos em formas de levarmos o tema para a mesa de negociação”.
Mudanças estruturais
A cientista política Natália Carrau, do Uruguai, foi uma das palestrantes do Seminário e ressaltou que as respostas para a crise climática devem vir de mudanças estruturais nos modelos de produção e consumo, destacando a responsabilidade do sistema capitalista vigente. “Todos os setores, do modo como são realizados hoje, são responsáveis pela crise climática”, destacou.
Já o assessor político da UNI Global Union, entidade que representa sindicatos de 150 países, Ben Richard, e que compôs a mesa com tema “Solidariedade internacional e colaboração sindical”, defendeu que a transição da economia mundial envolva toda a sociedade e não apenas os grandes empresários. “Temos que educar [a sociedade] para discutir e decidir as ações coletivas necessárias, para que os trabalhadores dêem suporte para alcançarmos o futuro que queremos”, destacou.
Ele lembrou que mais de 22 milhões de trabalhadores sofreram lesões por causa do calor extremo nos últimos anos, reafirmando que os impactos da crise climática sobre a classe já são uma realidade e que o debate está longe de uma conclusão. (Com informações Contraf-CUT)
