O dado consta na pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário”, apresentada pelo Comando Nacional dos Bancários, em abril, para membros da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) como forma de pressionar uma mudança nos modelos de gestão das instituições financeiras.
A pesquisa, que contou com a participação de 5.803 bancários em todo o Brasil, foi realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf CUT), em parceria com o Sindicato, e contou com a colaboração de pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UNB). O resultado revela um cenário cruel com o trabalhador bancário: além do alto adoecimento, quase a metade dos trabalhadores com a saúde mental afetada, assumiu estar em acompanhamento psiquiátrico. Deste grupo, 91,5% afirmam utilizar medicações prescritas pelo médico. Ainda segundo a pesquisa, o atual modelo – solidificado em metas abusivas – não apenas dita as condições laborais, mas também é uma fonte substancial das psicopatologias, resultando em sintomas de adoecimento e agravos à saúde mental. “O mais importante da pesquisa é que ele mostra claramente que a cultura do banco adoece, reafirmando o posicionamento do movimento sindical de que é preciso mudar e priorizar mais a saúde do trabalhador”, avalia o diretor de saúde do Sindicato, Gustavo Frias. “A pesquisa é prova de que a gestão do banco adoece o bancário e uma prova que não vem da ‘impressão’ do Sindicato, mas do relato dos trabalhadores, e é validado por uma equipe de pesquisadores da UNB”, reafirma o presidente Lourival Rodrigues.
Cultura que adoece
A coordenadora da pesquisa, doutora Ana Magnólia Mendes, explica – em entrevista à Contraf-CUT – que a análise da pesquisa aponta para a presença intensa de discursos e práticas de controle, caracterizadas pelo foco nas metas, o controle exacerbado, a despersonalização dos trabalhadores, a presença de uma hierarquia rígida e o uso de ameaças como ferramentas de gestão.
Essa equação, como consequência, intensifica a competitividade e o produtivismo nas relações de trabalho e a presença de vivências de violência e de sobrecarga.
O estudo ressalta ainda a “presença intensa de relações competitivas, marcadas pela exclusão dos funcionários na tomada de decisão da organização, pelo cerceamento da autonomia no trabalho, pela distribuição injusta, pela indefinição de tarefas e pela presença de disputas profissionais no local de trabalho estimuladas pela chefia, intensificam a violência no trabalho”.
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