
Reestruturações devem ser no sentido de atender melhor a população, criar empregos e orientar o comando dos bancos a cumprirem seu papel como financiadores. Mudar, independentemente de qual seja o argumento, não pode trazer precarização, terceirização, fechamento excessivo de agências e de postos de trabalho, sobrecarregando e adoecendo quem fica.
Os grandes bancos brasileiros se acostumaram a lucros astronômicos e diante da nova realidade do sistema, devem levar em conta que existem pessoas de verdade, que dependem do sistema financeiro.
Não por coincidência, o direito a desconexão do trabalho, a garantia à manutenção do emprego e o cumprimento do que está na lei e no acordo coletivo são pontos que preocupam a representação dos trabalhadores sempre que surgem mudanças na estrutura – especialmente em ano de campanha salarial.
Isso porque o passado nos lembra que o argumento de “reestruturação como estratégia de negócio” não é pelo “bem-estar de todos”. Ao contrário, reafirma o entendimento que toda reformulação deve ser planejada e executada de forma cuidadosa.
“Por isso é importante assegurar aos bancários que nós do movimento sindical estamos de olho nessas reestruturações, acompanhando quais os impactos para os trabalhadores e fazendo intervenções necessárias”, destaca o presidente do Sindicato, Lourival Rodrigues da Silva.“A nossa maior preocupação é com a manutenção do emprego e com a saúde do bancário, especialmente para que não haja sobrecarga de trabalho o que, já sabemos, é algo que adoece o trabalhador”, diz Lourival Rodrigues, que é integrante da COE Bradesco.
Reunião
Em reunião com a representação dos trabalhadores, em março, o representante do banco fez um resumo do Plano Estratégico anunciado pelo presidente e disse que as mudanças ocorrerão também na gestão executiva – com objetivo de melhorar a agilidade no processo de decisão.
O Banco informou ainda que pretende contratar mais três mil funcionários da área de TI e irá abrir oportunidade interna pra preenchimento das vagas – também foi assegurado que será mantida a possibilidade de carreira, mas com abertura dos cargos para o mercado.
Santander e a Multicanalidade
O Santander, por sua vez, diz que a mudança – batizada de Multicanalidade – tem como objetivo acompanhar alterações no sistema financeiro e no comportamento dos clientes – que cada vez mais utilizam o pix, por exemplo, como meio de pagamento.
Neste cenário, o banco decidiu retirar os gerentes Van Gogh e os gerentes de empresa das agências, migrando os primeiros para uma plataforma digital e os segundos para visitas in loco em seus clientes.
“O que nós queremos como prioridade é que o banco cumpra as obrigações como empregador que estão na lei e no Acordo Coletivo de Trabalho. Especificamente no caso do Santander, o pedido é que pare de terceirizar atividades bancárias, uma vez que casos assim já ocorreram e que estamos tratando judicialmente”, destaca Ana Stela Alves de Lima, vice-presidente do Sindicato e integrante da COE Santander.
Tanto ela, quanto Lourival asseguram que o Sindicato seguirá dialogando com os bancos para proteger os bancários. E a orientação é sempre buscar o Sindicato em casos de dúvidas sobre o tema.