“A desigualdade econômica está fora de controle”. A conclusão é da rede de organizações não-governamentais Oxfam, apresentada em seu relatório intitulado “Tempo de Cuidar”, divulgado às vésperas do Fórum Econômico Mundial, realizado entre os dias 21 e 24 de janeiro deste ano, em Davos, na Suíça. Para ilustrar os extremos, a Oxfam aponta: “os bilionários do mundo, que somavam apenas 2.153 indivíduos, em 2019, detinham mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas”, o equivalente a 60% da população global.
A Oxfam cita estimativas do Banco Mundial:
1) quase metade da população no mundo sobrevive com menos de US$ 5,50 por dia;
2) a taxa de redução da pobreza caiu pela metade desde 2013.
“Os 22 homens mais ricos do mundo detém mais riqueza do que todas as mulheres que vivem na África”. Os extremos de riquezas “coexistem com uma enorme pobreza”.
Para a Oxfam, o “grande fosso baseia-se em um sistema econômico sexista e falho, que valoriza mais a riqueza de um grupo de poucos privilegiados, na sua maioria homens, do que bilhões de horas dedicadas ao trabalho mais essencial – o do cuidado não remunerado e mal pago, prestado principalmente por mulheres e meninas em todo o mundo”. Entre as tarefas, “cuidar de outras pessoas, cozinhar, limpar, buscar água e lenha”, fundamentais para o “bem-estar de sociedades, comunidades e para o funcionamento da economia”.
É possível mudar?
Para a Oxfam “governos ao redor do mundo devem agir para construir uma economia humana que seja feminista e que valorize o que realmente importa para a sociedade, em vez de promover uma busca interminável pelo lucro e pela riqueza”. Entre as propostas, “investir em sistemas nacionais de cuidado para equacionar a questão da responsabilidade desproporcional assumida pelo trabalho de mulheres e meninas, e adotar um sistema de tributação progressiva, com taxas sobre riquezas, e legislar em favor de quem cuida”.
Foto: Oxfam