Os funcionários do Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Federal, lotados nas maiores agências instaladas no Centro de Campinas e coordenados pelo Sindicato, paralisaram os serviços hoje (22), no período das 7h30 às 12h, em protesto contra a proposta apresentada pela Fenaban na oitava rodada de negociação realizada ontem (21), que prevê cortes de direitos. Entre eles, fim da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) integral para gestantes e afastados por adoecimento, fim da cláusula que proíbe a divulgação de ranking individual, fim do vale-cultura, e ampliação do intervalo de descanso para quem faz jornada de 6h, passando de 15 para 30 minutos. A Fenaban propôs também aumento real de salários de 0,5%. Como o Comando Nacional dos Bancários rejeitou as propostas na mesa, nesta quinta-feira (23) ocorre nova rodada de negociação, a nona.
No encerramento da rodada de ontem (21), o Comando reafirmou que o processo de renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) deve ser concluído nesta semana. A pauta de reivindicações foi entregue à Fenaban no dia 13 de junho. A data-base dos bancários é 1º de setembro e a atual CCT vale até o dia 31 deste mês de agosto.
Quem parou: Banco do Brasil Costa Aguiar, Caixa Federal (Conceição e Largo do Rosário), Bradesco (prédio na Avenida Moraes Sales), Itaú Costa Aguiar e Santander Centro.
Balanço
Os bancários dos setores públicos e privados de Campinas e Região, reunidos em assembleia no último dia 8, na sede do Sindicato, rejeitaram a proposta (incompleta) da Fenaban apresentada na sexta rodada de negociação realizada na véspera (7). Apesar de assumir compromisso durante a quinta rodada (1º de agosto) em apresentar uma proposta completa, a Fenaban ofereceu apenas reajuste dos salários e verbas (PLR, vales, etc.) com base na inflação acumulada no período de setembro de 2017 a agosto deste ano (3,82%, índice estimado), sem aumento real. E na sétima rodada (17), a Fenaban também não apresentou sua proposta completa.
Em rodadas anteriores, a Fenaban não aceitou assinar o termo de pré-acordo (garantir a validade da atual CCT durante o processo de negociação), e não avançou em pontos referentes à saúde, apenas em segurança. A Fenaban reafirmou concordância em alterar a cláusula 33ª da CCT, estendendo aos bancários vítimas do crime extorsão mediante sequestro a mesma proteção garantida às vítimas de sequestro consumado. Quanto aos novos tipos de contratos previstos na legislação trabalhista (terceirizado, intermitente e temporário), em vigor desde novembro do ano passado, a Fenaban negou a aplicação; porém, não concorda em incluir a proibição na CCT. Os bancos, no entanto, manifestaram disposição em analisar proposta de CCT para todos os bancários, independente da remuneração ou escolaridade, incluindo os hipersuficientes (trabalhador com salário superior ao dobro do teto do benefício previdenciário, com curso superior completo), invenção da citada legislação trabalhista.
Lucratividade em alta
Os bancos reúnem todas as condições para atender as reivindicações da categoria. Em 2017, os cinco maiores bancos (Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Federal) lucraram, juntos, R$ 77,4 bilhões. Um crescimento médio de 33,5%. No primeiro trimestre deste ano, os citados cinco maiores bancos lucraram R$ 20,6 bilhões; uma alta de 20,4% em comparação com o primeiro trimestre do ano passado.
Fotos: Júlio César Costa