A ONG britânica Oxfam divulgou no último dia 22 o relatório “Compensem o trabalho, não a riqueza”, elaborado com base em entrevistas com mais de 70 mil pessoas em 10 países que representam um quarto da população mundial. Confira alguns números sobre concentração de renda e desigualdade social no mundo e no Brasil. E mais: renda do trabalho e papel dos sindicatos.
Bilionários
– Em 2017 registrou-se o “maior aumento no número de bilionários da história, com um bilionário a mais a cada dois dias. Atualmente, há 2.043 bilionários (em dólares) em todo o mundo. Nove entre dez deles são homens”.
– Em 12 meses (2016-17), “a riqueza desse grupo de elite aumentou US$ 762 bilhões. O que é suficiente para acabar mais de sete vezes com a pobreza extrema”.
– “O 1% mais rico continua a deter mais riqueza que todo o restante da humanidade”.
– No mundo, “82% de toda riqueza gerada no ano passado ficaram nas mãos do 1% mais rico e nada ficou com os 50% mais pobres”.
– Em 2017, o Brasil “ganhou mais 12 bilionários, que agora somam 43 pessoas”.
– A fortuna desses super-ricos brasileiros cresceu 13% e somou R$ 549 bilhões.
– Os cinco homens mais ricos do Brasil (Jorge Paulo Lemann, Joseph Safra, Marcel Herrmann Telles, Carlos Alberto Sicupira e Eduardo Saverin) concentravam o mesmo patrimônio que os 50% mais pobres da população (cerca de 100 milhões de brasileiros).
– “No Brasil, uma pessoa que ganha um salário mínimo precisaria trabalhar 19 anos para ganhar o mesmo que uma pessoa do grupo do 0,1% mais rico ganha em um mês”.
Mulheres: sem remuneração
“Enquanto os bilionários no mundo viram suas fortunas aumentarem em US$ 762 bilhões em um ano (2017), as mulheres fornecem, anualmente, US$ 10 trilhões em cuidados não remunerados para sustentar a economia global”.
Trabalho escravo
– A Organização Internacional do Trabalho (OIT) “estimou em 40 milhões o número de pessoas escravizadas em 2016, 25 milhões das quais em situação de trabalho forçado”.
-“Quatro milhões de pessoas em situação de trabalho escravo são crianças”.
– “Mais de 500 milhões de jovens sobrevivem com menos de US$ 2 por dia”.
Precário, sem direito
– “O trabalho temporário e precário é norma nos países em desenvolvimento e uma realidade cada vez mais visível em nações ricas. Os empregados temporários recebem salários mais baixos e têm menos direitos e menor acesso à proteção social. As mulheres e os jovens são os mais propensos a aceitar empregos desse tipo”. No Brasil, a chamada reforma trabalhista, que virou lei em novembro do ano passado, legalizou o trabalho precário.
Morte no trabalho
– Segundo a OIT, “mais de 2,78 milhões de trabalhadores morrem todos os anos em decorrência de acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais – um a cada 11 segundos”.
Tributar os super-ricos
A Oxfam apresenta uma série de propostas visando construir uma sociedade mais justa, uma economia mais humana. No que se refere à tributação, “priorizar impostos que não são pagos pelos super-ricos na medida justa”.
– Impostos sobre fortunas, imóveis, heranças e ganhos de capital.
– Aumentar as alíquotas e a tributação de rendas elevadas.
– Adotar um imposto global sobre fortunas; ou seja, bilionários devem financiar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas (ONU). No Brasil, lucros e dividendos de empresas pagos aos acionistas são isentos de impostos.
Ação sindical combate desigualdade
– “Trabalhadores organizados constituem um contrapeso ao poder da riqueza e têm desempenhado um papel fundamental na criação de sociedades mais igualitárias e democráticas”. | – Os sindicatos aumentam salários, direitos e proteções não apenas para os integrantes da categoria profissional, mas também para todos os trabalhadores de uma sociedade. |
O que é Oxfam: “confederação internacional de 20 organizações que trabalham em rede em mais de 90 países (incluindo o Brasil), como parte de um movimento global em prol de mudanças necessárias e no intuito de construir um futuro livre da injustiça da pobreza”.
Fonte: Oxfam, Época Negócios,
El País e BBC
Foto: Oxfam