Programa anunciado pelo BB desrespeita bancários e clientes
Mais uma vez de surpresa, o Banco do Brasil anunciou, na última sexta-feira (5), o Programa de Melhoria de Relacionamento e Atendimento, uma espécie de continuidade de reestruturação com um Programa de Adequação de Quadros (PAQ) para remoção e desligamentos. O que o BB chamou de programa de melhorias de atendimento é na verdade um pacote com novas reestruturações que amplia número de funções, mas corta outros cargos, com foco em ampliação do atendimento digital e melhorias para as agências estilo em detrimento ao atendimento em agências de varejo.
O novo programa prevê readequação nos quadros das agências, remoção com incentivo para locais de difícil acesso, transferência compulsória, incentivo ao desligamento voluntário de funcionários em unidades com excesso gerado por redução de vagas e funções e até demissões “a pedido”.
O banco dá indícios de sua nova política com foco em aumentar o volume de negócios priorizando o atendimento às empresas de grande porte e segmento de altas rendas, reforçando a preocupação do BB em seguir um modelo mais próximo ao dos privados e se distanciando de seu papel de banco público.
Plano de Adequação de Quadros – PAQ
O público alvo do Plano de Adequação de Quadros (PAQ) são caixas e escriturários em excessos na praça ou funcionários em excesso no cargo na unidade e visa oferecer ajustes a esta situação. O plano prevê incentivos pecuniários para a remoção para locais de difícil acesso, desligamento voluntário e aposentadoria.
Outro ponto são as implicações por trás do desligamento consensual que já estão sobre as novas regras trabalhistas e neste caso, prevê, apenas a liberação de 80% do saldo do FGTS, que o funcionário não fará jus ao seguro desemprego, a multa de 40% sobre o saldo do FGTS será reduzida pela metade na rescisão do funcionário optante. São muitas as perdas e o bancário precisa se orientar e estar ciente de todo o prejuízo que terá com sua saída, que já começa com a possibilidade de perda dos planos PREVI, Economus e CASSI.
Sindicato é contra transferência compulsória
Com as mudanças anunciadas, milhares de funcionários ficarão excedentes, segundo critérios de dotação do banco, em suas dependências. Pelo programa, esses funcionários poderão ser compulsoriamente transferidos para outro local dentro da mesma praça.
Os prejuízos são enormes aos bancários e familiares. O Sindicato é contra a transferência compulsória, existe outras formas de fazer estas mudanças com a possibilidade de ouvir mais os bancários e fazer triangulações por necessidades de mudanças, diminuindo os impactos diretos desta medida.
Sem diálogo e Prazo curto
Todas as mudanças foram impostas, com diálogo zero, de forma unilateral e sem negociação com o Sindicato. A falta de transparência é outra crítica do Sindicato ao novo programa do BB, que desrespeita os trabalhadores e os representantes sindicais. Na última reunião do CAREF do ano passado, no dia 18/12, inclusive, foi impedida a participação do conselheiro eleito, Fabiano Félix, que não pôde entrar na reunião que tratou do tema.
Os funcionários do BB terão pouco tempo para passar por todas estas mudanças e até o fim de fevereiro para o desligamento definitivo, para aqueles que optarem por sair do banco.
“A situação coloca os funcionários em um quadro de estresse altíssimo, com medo e pressão com as transferências compulsórias e em certos casos, impulsiona para as demissões, com agravamento de metas, competição, resultando em adoecimento e assédio moral. É um cenário de imposição e com muitas ciladas no plano de desligamento consensual com perdas de direitos com a nova lei trabalhista”, informou a diretora do sindicato, Elisa Ferreira.
PSOs serão as mais afetadas
As Plataformas de Suporte Operacional serão as mais afetadas com extinção de funções, medida também anunciada na sexta (5). O Sindicato de Campinas é contra a extinção destas vagas e repudia o corte dos caixas executivos, que deve atingir 10%.
As novas Centrais de Atendimento do BB
Haverá concentração destas estruturas de atendimento remotas, em Central de Atendimento do Banco do Brasil – CABBS, que serão criadas nas praças de Recife, Ribeirão Preto e São José (cidade vizinha de Florianópolis). Desta forma, o banco diminui as dotações de sua rede de agências, aumentando o atendimento digital nas centrais e escritórios digitais.
Escritório Micro e Pequenas Empresas (MPE)
“O modelo digital foi implementado pelo banco há cerca de dois anos, com um discurso de modernidade e como sendo futuro dos bancos. Nessa nova onda digital, o banco apostou nos escritórios personalizados PF e no modelo de escritório Micro e Pequena Empresas, MPE. Novas estruturas foram montadas, funcionários nomeados para a nova função e agora, todo discurso parece vazio. O banco decide extinguir o modelo digital PJ, desrespeita os funcionários que acreditaram no discurso do banco e os deixam sem saber qual será seu futuro dentro da instituição. Afinal, qual a diretriz do banco, se um projeto que era bom a menos de dois anos, hoje não serve mais? “
Negociações
Com as informações do programa, a Comissão de Empresa já solicitou ao banco dados detalhados, como a quantidade de vagas criadas e os cortes em cada prefixo, o tamanho e dotação das unidades criadas e que seja estendida a gratificação de caixa aos excedentes por mais 4 meses, equiparando-se a VCP dos cargos comissionados em excesso.
A Comissão de Empresa fará reunião com o Banco do Brasil na próxima sexta-feira (12), para que o banco apresente respostas às solicitações já feitas pelo Sindicato, bem como o balanço das realocações e movimentações, para interferir e diminuir os impactos traumáticos das mudanças que irão ocorrer com tanta rapidez.
Reestruturação DISUD – Diretoria de Distribuição Sudeste
O programa anunciado na sexta foi antecedido por outras medidas que impactam ainda mais os bancários. No dia 02 de janeiro, foi anunciada a centralização das áreas administrativas de todas as superintendências que agora serão concentradas em São Paulo, o que implica em descomissionamentos ou transferência para SP.
PDG não tem caráter salarial
No dia 03, o BB anunciou o PDG – Programa de Desempenho Gratificado, que cria uma remuneração variável sem reflexo na aposentadoria e demais direitos, além de vincular o trabalhador a uma remuneração por produtividade e por pressão de metas. A forma de avaliação de desempenho é outro ponto de alerta para o sindicato, já que por ser subjetivo pode gerar assédio moral.
Cobrança por certificações
No mesmo dia, foi anunciado ainda o PIT – Plano de Identificação de Talentos, que certifica escriturários e caixas, conforme formação, cursos e participação no GAME. Ao mesmo tempo que traz um plano de incentivo é contraditório ao momento de redução de cargos e salários em massa com a restruturação. O que exige do profissional mais tempo e investimento para fazer cursos, sem nenhuma sinalização se os mesmos serão feitos durante a jornada de trabalho. O plano não dialoga com a atual realidade da agência bancária.
Atendimento no Sindicato
O Sindicato está disponibilizando atendimento jurídico para os bancários do banco do brasil. Basta ligar na secretaria do Sindicato e agendar sua consulta. Vale sempre lembrar a importância de todos os bancários no fortalecimento da Luta. Sindicalize-se!