Após 31 dias de greve, 31 dias de resistência, com mais da metade dos locais de trabalho fechados na região de Campinas (353), assim como no país, os bancários dos setores públicos e privados conseguiram assegurar um acordo coletivo ou Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) decente.
A mais longa greve da categoria neste século 21 impediu que o retrocesso pretendido pelos banqueiros fosse sacramentado. A política de abono ficou restrita a uma única dose, se limitou a uma medida de caráter emergencial, conjuntural.
O duro embate com os banqueiros ficou evidente nas quatro primeiras rodadas de negociação, previamente marcadas após a entrega da pauta de reivindicações no dia 9 de agosto. Esgotado o diálogo, os bancários rejeitaram o reajuste de 6,5% mais abono de R$ 3 mil e deflagraram a greve a partir do dia 6 de setembro. No terceiro dia da paralisação nacional (9 de setembro) os banqueiros retomaram o processo de negociação. O que parecia um bom sinal, na verdade era pura provocação: reajuste de 7% e abono de R$ 3.300,00. Proposta rejeitada.
A partir daí, imperou o silêncio patronal durante duas semanas. Até porque as rodadas nos dias 13 e 15 de setembro foram nulas, a proposta era a mesma. A estratégia dos banqueiros era enfraquecer a mobilização da categoria. Nos dias 27 e 28, retomaram o processo de negociação com o Comando Nacional dos Bancários. Novamente não apresentaram uma proposta que poderia ser apreciada pela categoria. Ou seja, o mesmo reajuste de 7%, abono de R$ 3.500,00 e, em 2017, reposição da inflação mais 0,5% de aumento real.
No trigésimo dia de greve (5 de outubro) os banqueiros melhoram a proposta: neste ano, reajustes de 8% sobre os salários e PLR, 15% sobre o vale alimentação e 10% sobre o vale refeição e auxílio creche/babá; abono de R$ 3.500,00; criação do Centro de Realocação e Requalificação; reposição da inflação e mais 1% de aumento real em 2017; e anistia dos dias parados. Neste último ponto, a proposta inicial era compensação. Porém, o Comando não aceitou. Quem fez greve não deveria ser penalizado. E não foi.
Em assembleia no último dia 6, os bancários aprovaram o acordo com a Fenaban e os aditivos à CCT com o Banco do Brasil e Caixa Federal.
Acordo de 2 anos
A luta da categoria praticamente anulou o arrocho salarial tão pretendido pelos banqueiros. O que era 6,5% virou 8%. A política de abono não passou. Em seu lugar, acordo com validade de dois anos, assegurando reposição da inflação, mais 1% de aumento real. Em tempo de recessão econômica, sem dúvida a melhor opção. Futuro garantido previamente.
Na guerra de posições, a categoria deu passo certo. Inclusive na questão emprego, valorizada com a criação do Centro de Realocação e Requalificação. “O acordo de dois anos, cabe lembrar, já foi defendido pela Federação dos Bancários de SP e MS, da qual o Sindicato é filiado, em conjuntura de crise econômica. É uma saída. Não cura todos os males, mas proporciona estabilidade e para todos”, avalia a presidente Stela.
Unidade na luta
E mais; o fato do acordo valer por dois anos, não congela a luta; pelo contrário. As questões econômicas dão lugar a temas caros para a categoria (saúde, segurança, metas, assédio, etc.), a serem negociados em mesas específicas. Sem falar que a mobilização em defesa de temas gerais da classe trabalhadora está na ordem dia. Na luta específica ou na luta geral, sempre é bom destacar, a unidade deve prevalecer, como na Campanha deste ano.
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EDITAL:
SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS DE CAMPINAS E REGIÃO
O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Campinas e Região, por seu presidente, tendo em vista deliberação de assembleia da categoria realizada no dia 06 de outubro de 2016, avisa a todos os bancários beneficiados com a celebração da convenção coletiva de trabalho 2016/2018, empregados de estabelecimentos bancários da base deste sindicato, nas cidades de Aguaí, Águas de Lindóia, Águas da Prata, Americana, Amparo, Artur Nogueira, Cabreúva, Campinas, Cosmópolis, Elias Fausto, Engenheiro Coelho, Espírito Santo do Pinhal, Estiva Gerbi, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itapira, Itatiba, Jaguariúna, Lindóia, Louveira, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Morungaba, Monte Mor, Monte Alegre do Sul, Nova Odessa, Pedreira, Paulínia, Santo Antonio do Jardim, Santo Antonio de Posse, São João da Boa Vista, Serra Negra, Socorro, Sumaré, Valinhos e Vinhedo, que poderão exercer o direito de oposição ao desconto assistencial definido em assembleia geral da categoria, em duas parcelas, cada uma no valor de 2,50% das verbas salariais, com teto máximo de R$ 170,00 (cento e setenta reais), em cada parcela, a serem descontadas nos meses de novembro/2016 e setembro/2017, mediante entrega de requerimento manuscrito de próprio punho, devendo constar do mesmo, nome, qualificação, número da CTPS e nome da empresa em que trabalha, ser entregue individual e pessoalmente, no período de 07 a 17 de outubro de 2016, na sede do sindicato, com endereço na Rua Ferreira Penteado, nº. 460, Centro, Campinas-SP, e nas suas respectivas subsedes, no horário das 9h00 às 17h00.
Campinas, 07 de outubro de 2016.
Ana Stela Alves de Lima
Presidente
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Edital publicado no jornal Correio Popular, edição do dia 07/10/2016
21/10/2016
Luta garante acordo coletivo decente
Campanha Salarial