O governo federal decidiu vender ações do Banco do Brasil, que estão no Fundo Soberano, uma espécie de “ poupança” para ser utilizada em caso de crise, criado em dezembro de 2008. A operação, segundo a grande imprensa, começou na surdina no dia 29 de junho último e já vendeu nada menos que 5,6 milhões de papéis, rendendo algo próximo de R$ 128,8 milhões. O comandante da operação, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, sequer comunicou o presidente do Banco do Brasil, Alexandre Abreu.
O que leva um país a se desfazer de papéis de uma empresa pública? A justificativa apresentada são as contas, o caixa anêmico. Para gerar receita, cumprir a meta do superavit primário (fixada em 1,1% do PIB) e diante das dificuldades no Congresso Nacional, onde algumas medidas do ajuste fiscal estão empacadas, o ‘agente do mercado’, instalado no ministério da Fazenda, não pensa duas vezes: vende, queima o patrimônio público e ponto final.
Para o presidente do Sindicato, Jeferson Boava, é preciso compreender esse movimento, qual o papel que o governo federal reserva para o Banco do Brasil. “Em 2013, mais especificamente no dia 25 de outubro, o capital estrangeiro avançou no BB, passando de 20% para 30%; em maio de 2006 passou de 5,6% para 12,5%. Agora, o governo federal vende ações do Fundo Soberano. Essa opção aponta para um caminho inverso ao proposto pelo movimento sindical bancário. Em seu último Congresso, o 26º, os funcionários do BB aprovaram como bandeira de luta um “Banco do Brasil 100% público” e com função pública. Em outros termos, que financie a produção, promova o desenvolvimento social e se afaste da competição destruidora do mercado financeiro. O BB hoje, no entanto, é alvo fácil para saciar a sede do governo federal em pagar as contas, independente dos estragos provocados no patrimônio público. Ações para retomar o crescimento econômico e promover a distribuição da riqueza ficam para depois. Típico papel de sanguessugas da nação”.
Leia a matéria Em debate, a participação de capital estrangeiro no Banco do Brasil, disponibilizada no dia 4 de novembro de 2013, onde os economistas Maria Alejandra Madi e Lício da Costa Raimundo fazem uma análise da decisão do governo naquele ano. (clique aqui).