Reunidos em assembleia hoje (29) à noite no Sindicato, os bancários de Campinas e Região rejeitaram a proposta apresentada pela Fenaban no último dia 27 – reajuste de 7,35% sobre os salários e 8% sobre os pisos – e deflagraram greve a partir desta terça-feira, dia 30, e por tempo indeterminado. A greve a partir da zero hora de amanhã tinha sido aprovada na assembleia realizada no último dia 25, que rejeitou a proposta da Fenaban apresentada no último dia 19, que previa reajuste de 7% sobre os salários e 7,5 % para os pisos. “O Comando considerou insuficiente a nova proposta da Fenaban, que prevê aumento real de 0,94% nos salários e 1,55% nos pisos. Com greve é possível melhorar as cláusulas econômicas (PLR, por exemplo) e também as chamadas cláusulas sociais (segurança, metas, igualdade de oportunidade, etc). É possível, porém exige efetivo envolvimento, participação da categoria”, destaca o presidente do Sindicato e integrante do Comando Nacional dos Bancários, Jeferson Boava.
Não se intimide: procure o Sindicato
A greve é um direito constitucional (clique aqui). Portanto, não se intimide. Qualquer problema procure o Sindicato. Não fique próximo ao seu local de trabalho. Junte-se aos diretores do Sindicato e convença colegas de outras agências a aderirem à luta da categoria.
Assembleia dia 2 de outubro
Para avaliar a greve, o Sindicato realiza nova assembleia nesta quinta-feira, dia 2 de outubro, às 19h, na sede.
Proposta econômica dos bancos apresentada no dia 27 de setembro, durante a oitava rodada
Reajuste de 7,35% (0,94% de aumento real).
Piso portaria após 90 dias – R$ 1.240,89 (8% – aumento real de 1,55%).
Piso escritório após 90 dias – R$ 1.779,97 (8% – aumento real de 1,55%).
Piso caixa/tesouraria após 90 dias – R$ 2.403,60 (salário mais gratificação mais outras verbas de caixa), significando 1,55% de aumento real).
PLR regra básica – 90% do salário mais R$ 1.818,51, limitado a R$ 9.755,42. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 21.461,91.
PLR parcela adicional – 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 3.637,02.
Antecipação da PLR
Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva e a segunda até 2 de março de 2015.
Regra básica – 54% do salário mais fixo de R$ 1.091,11, limitado a R$ 5.853,25 e ao teto de 12,8% do lucro líquido – o que ocorrer primeiro.
Parcela adicional – 2,2% do lucro líquido do primeiro semestre de 2014, limitado a R$ 1.818,51
Auxílios
Auxílio refeição – R$ 24,88.
Auxílio cesta alimentação e 13ª cesta – R$ 426,60.
Auxílio creche/babá (filhos até 71 meses) – R$ 355,02.
Auxílio creche/babá (filhos até 83 meses) – R$ 303,70.
Gratificação de compensador de cheques – R$ 137,97.
Requalificação profissional – R$ 1.214,00.
Auxílio funeral – R$ 814,57.
Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto – R$ 121.468,95.
Ajuda deslocamento noturno – R$ 85,03.
Cláusulas sociais: insuficientes
O Comando Nacional dos Bancários considerou insuficientes as propostas para as reivindicações não econômicas da categoria, apresentadas pela Fenaban no último dia 17, durante a sexta rodada de negociações da Campanha 2014.
Certificação CPA 10 e CPA 20 – Quando exigido pelos bancos, os trabalhadores terão reembolso do custo da prova em caso de aprovação.
Adiantamento de 13º salário para os afastados. Quando o bancário estiver recebendo complementação salarial, terá também direito ao adiantamento do 13º salário, a exemplo dos demais empregados.
Reabilitação profissional – Cada banco fará a discussão sobre o programa de retorno ao trabalho com o movimento sindical.
Monitoramento de resultados – Terá redação mais abrangente. Além do SMS, a cobrança de resultados passará a ser proibida também por qualquer outro tipo de aparelho ou plataforma digital.
Gestantes – As bancárias demitidas que comprovarem estar grávidas no período do aviso prévio serão readmitidas automaticamente.
Casais homoafetivos – Os bancos irão divulgar a cláusula de extensão dos direitos aos casais homoafetivos, informando que a opção deve ser feita diretamente com a área de RH de cada banco, e não mais com o gestor imediato, para evitar constrangimentos e discriminações.
Novas tecnologias – Realização de seminários periódicos para discutir sobre tendências de novas tecnologias.
Segurança bancária – Realização de mais dois projetos-piloto de segurança em cidades diferentes, uma a ser escolhida pelo Comando Nacional e outra pela Fenaban, nos mesmos moldes da experiência desenvolvida em Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes.
Reivindicações ignoradas pela Fenaban
O Comando Nacional condenou na mesa de negociação realizada no último dia 17 a ausência de propostas para várias reivindicações discutidas com os bancos, tais como:
Fim das metas abusivas.
Emprego – O Comando insistiu na necessidade de mais contratações, na adoção de medidas para preservar o emprego, como a proibição de demissões imotivadas (Convenção 158 da OIT), e o fim da rotatividade e das terceirizações.
Segurança – Os bancários querem estender a todo o país as medidas de segurança testadas e aprovadas no projeto-piloto de Recife, Olinda e Jaboatão.
Para o Comando, a proposta de criar novos projetos-pilotos só deve ser implementada com mais medidas de segurança, buscando testar outros equipamentos.
Igualdade – O Comando refirmou a necessidade de instituir mecanismos para acabar com a diferença salarial entre homens e mulheres, como demonstrou o II Censo da Diversidade (veja no verso). Uma dessas medidas deve ser a implementação de PCS em todos os bancos. Mas a Fenaban diz que PCS é um problema de cada banco e se recusa a incluir o tema na Convenção Coletiva.
PCMSO – Instituir avaliação da qualidade dos exames médicos de retorno, de mudança de função e periódico.
Os bancos disseram que o assunto deve ser debatido na mesa temática sobre saúde do trabalhador.
Ampliação da cesta alimentação para afastados do trabalho.
Fim da revalidação de atestados médicos. A Fenaban alega que pode ser feito pelos médicos do trabalho de cada banco e que não tem acordo.
Pausas e revezamentos no autoatendimento. Após pressão do Comando, os bancos ficaram de rediscutir a concessão de rodízio para quem trabalha no autoatendimento.
Banco do Brasil
Confira o resultado da rodada realizada no último dia 24.
Caixa Federal
Confira o resultado da rodada realizada no último dia 24
Principais reivindicações dos bancários
Reajuste salarial de 12,5%.
PLR: três salários mais R$ 6.247.
Piso: R$ 2.979,25 (salário mínimo do Dieese em valores de junho).
Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 724,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
Emprego: fim das demissões e da rotatividade, mais contratações, proibição às dispensas imotivadas, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PL 4330 na Câmara Federal, do PLS 087 no Senado e do julgamento de Recurso Extraordinário com Repercussão Geral no STF.
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários.
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
Prevenção contra assaltos e sequestros: cumprimento da Lei 7.102/83 que exige plano de segurança em agências e PABs, garantindo pelo menos dois vigilantes durante todo o horário de funcionamento dos bancos; instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento das agências; e fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.
Igualdade de oportunidades para todos, resultando no fim das discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
Fotos: Júlio César Costa