Após depoimento da jornalista e ex-presa política Rose Nogueira durante o painel Em Defesa da Democracia – Ditadura Nunca Mais, realizado no período da tarde da última sexta-feira (25), primeiro dia da 16ª Conferência Nacional dos Bancários, a diretora do Sindicato, Elisa Ferreira, se motivou a relatar sobre a vida de seus pais, presos políticos durante o regime militar implantado em 1964.
A jornalista Rose Nogueira, que no início dos anos 80 do século passado criou o programa TV Mulher, na Rede Globo, disse que conheceu a mãe de Elisa, Clarisse Galvão de Figueiredo, na prisão. Além da jornalista, participou do painel o deputado estadual Adriano Diogo, presidente da Comissão da Verdade de São Paulo.
Em seu depoimento, Elisa disse que sua mãe, militante da ALN (Ação Libertadora Nacional), comandada por Carlos Marighella, foi presa e torturada barbaramente com choque elétricos. Ao sair da prisão, se exilou no Chile. Seu pai, Almir Dutton Ferreira, militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), também preso político, foi banido do Brasil em 1970. Almir Dutton constava na lista da conhecida ‘libertação dos 40 presos políticos’, trocados pelo embaixador alemão, Ehrenfried Anton Theodor Ludwig Von Holleben, sequestrado no dia 11 de junho de 1970, em plena Copa do Mundo no México, quando o Brasil conquistou o tricampeonato.
Golpe no Chile, fim da ditadura em Portugal
O pai de Elisa, com o banimento, viveu na Argélia, Cuba e Chile. Clarisse e Almir se conheceram e casaram naquele país andino que, no começo dos anos 70 do século passado, vivia a democracia de Salvador Allende. Com o golpe militar do general Augusto Pinochet, no dia 11 setembro de 1973, o casal passou pela Argentina e se exilou em Portugal.
No dia 25 de outubro 1974 nascia Elisa de Figueiredo Ferreira em terras de “além-mar”, que acabavam de sair de 41 anos de ditadura salazarista, mais especificamente no dia 25 de abril daquele ano, quando eclodiu a Revolução dos Cravos. “É necessário, fundamental, contar a história de torturados e tornar público os nomes dos torturadores, como tem feito a Comissão da Verdade. Com certeza, a construção politica do país será melhor. O golpe militar jogou o país numa longa noite de terror, que terminou depois 21 anos. O golpe calou a democracia, foi nefasto e resultou numa economia onde a concentração de renda é brutal”, avalia Elisa Ferreira, que foi homenageada na abertura da 16ª Conferencia.
O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, destacou o relato nu e cru de Elisa e disse que “se hoje estamos aqui debatendo os rumos de nossa luta, vivendo em pleno democracia, falando tudo abertamente, livremente, devemos a luta de muitos brasileiros contra o regime militar, que resistiram bravamente, como os pais de Elisa”.
Participação de diretores em painéis
Além do depoimento da diretora Elisa, o presidente do Sindicato, Jeferson Boava, coordenou o quarto e último painel na tarde da última sexta-feira (25), intitulado Plebiscito sobre Constituinte do Sistema Político, que teve como palestrante o presidente da CUT, Vagner Freitas. O vice Mauri Sérgio, em sua fala no painel sobre Emprego e Reestruturação Produtiva, defendeu intensificar a mobilização em defesa do emprego.
Já o diretor de Saúde do Sindicato, Gustavo Frias, indagou o palestrante Roberto Heloani sobre o programa de Prevenção de Conflitos no Ambiente de Trabalho, durante o painel Condições de Trabalho e Remuneração. O especialista em organização do trabalho da Unicamp e FGV considera o programa “um avanço”. No painel sobre Análise de Conjuntura, realizado no sábado (26), o diretor do Sindicato, Carlos Augusto (Pipoca) disse que o movimento sindical deve se posicionar de “forma clara em torno dos temas que possam aglutinar as diversas forças e traduzir, sobretudo, qual é a direção em que devemos caminhar”.
acima, diretora Elisa fala sobre seus pais, presos políticos durante a ditadura militar
Fotos: Paulo Pepe / Jailton Garcia
31/07/2014
Diretora do Sindicato, Elisa, relata o exílio e banimento de seus pais
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