Três bancárias adoecidas, indicados pelo Sindicato, prestaram depoimento durante audiência no Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas, no último dia 1º, sobre a decisão do Bradesco em não emitir CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho).
Segundo o diretor de Saúde do Sindicato, Gustavo Frias, os depoimentos foram chocantes. “As bancárias descreveram as péssimas condições de trabalho em que foram submetidas, prática de assédio moral e traumas provocados por assaltos. Inclusive, uma delas, reabilitada pelo INSS com Ler/Dort grau 3, não escapou da exploração. A bancária foi obrigada a carregar caixas pesadas e trabalhar com digitação em computador e máquina de escrever por vários dias até se acidentar novamente e romper um tendão”.
A audiência no MPT é mais um desdobramento da denúncia apresentada pelo Sindicato, em 2005, sobre a recusa do Bradesco em não emitir CAT para funcionários que sofreram acidentes ou adoeceram em decorrência do trabalho. O Sindicato também denunciou que o Bradesco não emite CAT nos casos de sequestros e assaltos. Inclusive, foram anexadas à denúncia várias CAT emitidas pelo Sindicato, em substituição ao papel do Bradesco.
Antes da audiência do último dia 1º, o MPT intimou o Bradesco a apresentar as CAT emitidas nos últimos três anos na região de Campinas. O Bradesco, no entanto, se limitou em apresentar nove CATs. Diante desse descaso, em audiência no dia 22 de abril deste ano, o MPT propôs ao Bradesco a assinatura de um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC), com a seguinte redação: Emitir a comunicação de acidente de trabalho (CAT), observando-se o seu correto preenchimento, sempre que houver lesão à integridade física ou mental dos trabalhadores, sejam nos casos de acidente de trabalho típicos, doenças do trabalho ou acidentes de trajeto, confirmados ou objeto de suspeita, mesmo que não haja afastamento do trabalho, nos termo do art. 168 da CLT”.
O MPT estabeleceu prazo de 30 dias. Mesmo assim, o Bradesco não assinou a TAC. Frente a recusa do Bradesco em equacionar esse grave problema, o MPT poderá ingressar ação civil pública.
Para o diretor de Saúde, Gustavo Frias, o Sindicato acompanha o caso e pretende encaminhar os depoimentos prestados no último dia 1º como denúncia à SA8000 (norma internacional de avaliação da responsabilidade social), cuja certificação o Bradesco obteve em 2012.
21/07/2014
Adoecidas do Bradesco prestam depoimentos no MPT
Saúde