
Ao completar duas semanas, a greve expandiu ainda mais hoje (27), nono dia, fechando 234 agências e departamentos de bancos públicos e privados na base do Sindicato, sendo 144 locais de trabalho em Campinas e 90 em 29 cidades da Região. A exemplo de ontem (26), a greve avançou hoje para os bairros em Campinas, atingindo Castelo e Taquaral, que se somam ao Bonfim, Avenidas João Jorge, Saudade e Amoreiras, Cambuí e Unicamp; na região o número de agências manteve o mesmo registrado no sexto dia (90).
Apesar de crescer diariamente em todo o país – na base do Sindicato ontem (26) fecharam 217 agências e, no país, 10.586 locais de trabalho – a Fenaban veio à público tripudiar nos bancários. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo (edição de hoje), o diretor de Relações Trabalhistas da Fenaban, Magnus Apóstilo, afirma que neste ano os Bancos só vão repor a inflação dos últimos doze meses; ou seja, o reajuste permanece em 6,1%, sem aumento real, e não será valorizado a PLR. A Fenaban alega que os lucros obtidos no primeiro semestre deste ano são menores que auferidos os no mesmo período em 2012.
Para o presidente do Sindicato, Jeferson Boava, é pura provocação, intimidação. “Ao anunciar que só repõe a inflação, sem aumento real e nem valorização da Participação nos Lucros (PLR), a Fenaban tenta enfraquecer a greve. Porém, a categoria tem demonstrado disposição de luta, permanece firme na greve, que amplia a cada dia que passa e com tendência de crescer ainda mais”. Segundo ele, ao tripudiar nos bancários, a Fenaban, na verdade, fortalece a luta. “A categoria sabe que aumento real não é concessão, é conquistado com greve. Tem sido assim desde 2004. Aliás, a greve no período 2004 a 2011 garantiu ganhos reais de 13,94% nos salários e 31,70% no piso”, ressalta o presidente do Sindicato. Para Jeferson Boava, a postura intransigente da Fenaban é inaceitável. “A Fenaban fala em lucros menores. Porém, relatório do Banco Central, divulgado ontem (26), mostra que o sistema financeiro é ‘robusto’ e atingiu R$ 59,7 bilhões nos últimos doze meses encerrados em junho passado. Diante desse quadro, conclamo a categoria a dar resposta à altura da provocação feita pela Fenaban”.
Quem parou no 9º dia: 30 cidades
Campinas – 234 locais de trabalho: Bancos públicos e privados instalados na área central da cidade; bairros Bonfim, Avenida João Jorge, Cambui, Avenida Saudade, Avenida Amoreiras, Unicamp, Castelo e Taquaral.
Região – 90 locais de trabalho – 29 cidades:Água de Lindóia, Americana, Amparo, Arthur Nogueira, Cabreúva,Cosmópolis, Elias Fausto, Engenheiro Coelho, Espírito Santo Pinhal, Estiva Gerbi, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itapira, Itatiba, Jaguariúna, Louveira, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Monte-Mor, Nova Odessa, Pedreira, Paulínia, Santo Antonio de Posse, Serra Negra, Socorro, Sumaré, Valinhose Vinhedo.
Quadro da greve: locais de trabalho fechados
Dia
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No país
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Região de Campinas
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1ª dia:19/09
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6.145
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142
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2º dia: 20/09
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7.282
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158
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5º dia: 23/09
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9.015
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165
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6º dia: 24/09
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9.665
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185
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7º dia: 25/09
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10.024
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200
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8º dia: 26/09
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10.586
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217
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9º dia: 27/09
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234
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Contraproposta da Fenaban apresentada na rodada do dia 5 de setembro
Reajuste – 6,1% (previsão da inflação pelo INPC) sobre salários, pisos e todas as verbas salariais (auxílio-refeição, cesta-alimentação, auxílio-creche/babá etc.)
PLR – 90% do salário mais valor fixo de R$ 1.633,94, limitado a R$ 8.927,61 (o que significa reajuste de 6,1% sobre os valores da PLR do ano passado).
Parcela adicional da PLR – 2% do lucro líquido dividido linearmente a todos os bancários, limitado a R$ 3.267,88.
Adiantamento emergencial – Não devolução do adiantamento emergencial de salário para os afastados que recebem alta do INSS e são considerados inaptos pelo médico do trabalho, em caso de recurso administrativo não aceito pelo INSS.
Prevenção de conflitos no ambiente de trabalho – Redução do prazo de 60 para 45 dias para resposta dos bancos às denúncias encaminhadas pelos sindicatos, além de reunião específica com a Fenaban para discutir aprimoramento do programa.
Adoecimento de bancários – Constituição de grupo de trabalho, com nível político e técnico, para analisar as causas dos afastamentos.
Inovações tecnológicas – Realização, em data a ser definida, de um Seminário sobre Tendências da Tecnologia no Cenário Bancário Mundial.
Reivindicações dos bancários
– Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real mais inflação projetada de 6,6%)
– PLR: três salários mais R$ 5.553,15.
– Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese).
– Auxílios alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
– Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários.
– Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aprovação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas.
– Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
– Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós-graduação.
– Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.
– Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de negros e negras.