
A Caixa Federal manteve o mesmo discurso do Banco do Brasil e da Fenaban durante a terceira rodada de negociação da pauta específica, ontem (29) com o Comando Nacional dos Bancários. Ou seja, não apresentou nenhuma contraproposta. “A enrolação permanece. Os representantes da Caixa se limitaram em ouvir os dirigentes sindicais. Disseram ainda que aguardam a contraproposta global da Fenaban, a ser apresentada no próximo dia 5. O que é um desrespeito. Afinal, a negociação é específica, não depende da Fenaban”, destaca o diretor do Sindicato, Carlos Augusto (Pipoca), que participou da rodada.
Em resumo, nenhuma contraproposta para os temas colocados na mesa: contratação de pessoal, carreira e isonomia de direitos entre novos e antigos empregados.
Contratação de pessoal
Os primeiros pontos debatidos foram relacionados à contratação de pessoal. Os dirigentes sindicais voltaram a cobrar maior rapidez no processo de convocação de concursados para melhorar as condições de trabalho, principalmente na rede de agências. O Comando observou que a Caixa continua insistindo com a política de abrir unidades sem estrutura adequada e com número insuficiente de empregados. Para resolver situações esdrúxulas provocadas pela carência de pessoal, o Comando Nacional propôs, entre outras medidas, a contratação de novos empregados, chegando ao quantitativo de 120 mil bancários até o final de 2014. Reivindicou ainda quantidade mínima de 20 empregados por agência, além de reposição de empregado no caso de afastamento por mais de seis meses, sem prejuízo ao retornar ao trabalho.
E mais: contratação permanente para reposição de empregados aposentados, demitidos ou afastados e o fim das discriminações no estágio probatório, tendo em vista que muitos empregados são desligados compulsoriamente tão logo esse processo esteja concluído. A Caixa Federal, no entanto, negou atender essas duas reivindicações.
No que se refere à reposição de empregados em unidades com carência de mão de obra, a Caixa Federal argumentou que esse trabalho já está sendo feito, principalmente nas agências em estado de maturação, cujo tempo é de dois anos por unidade. Nesse caso, segundo a Caixa, o redimensionamento ocorre seis meses depois de abertura da agência. A Caixa informou ainda que, hoje, é de 9,1 a média de empregado nas unidades que estão sendo abertas.
Isonomia
O Comando Nacional cobrou equiparação de direitos de todos os empregados em relação à licença-prêmio e ao Adicional por Tempo de Serviço (ATS). Ambas as reivindicações foram consideradas complexas pela Caixa, que alegou duas razões para não atendê-las: dificuldades orçamentárias e resistência por parte do controlador. Hoje, segundo a Caixa, apenas 28 mil empregados usufruem do benefício do ATS.
Carreira/PSI
Os representantes dos trabalhadores cobraram ajustes no formato do Processo Seletivo Interno (PSI). Há o reconhecimento sobre a importância desse instrumento para o encarreiramento, mas a reivindicação é de que haja transparência nos critérios e universalização das participações. Uma das reivindicações mais urgentes é a criação de Comitê de Acompanhamento dos PSIs e do Banco de Oportunidades (Bancop), com participação dos empregados e um membro da Gipes. Dois outros itens reivindicados foram a criação de função gratificada de assistente no Atendimento Social, para quem trabalha no setor social, e criação de banco de reserva de avaliadores de penhor, na medida de 50% das funções existentes. O Comando cobrou ainda a valorização da função de avaliadores de penhor, com revisão do piso do mercado.
O Comando Nacional cobrou também atenção especial para a área de tecnologia, com criação de cargos e funções específicas de TI com remuneração compatível com o mercado e outros órgãos públicos, além de implantação da proposta de carreira de TI que mantenha a possibilidade de seis horas nas funções técnica e técnico-gerencial. Ainda neste ponto, outra reivindicação é a migração para as novas funções sem PSI. A Caixa Federal informou que continua desenvolvendo uma proposta de reestruturação da carreira de TI, mas não estabeleceu um prazo para a conclusão desse trabalho.
Eleições para representante no Conselho de Administração
A Caixa Federal comunicou que serão feitas as alterações estatutárias necessárias, com publicação do edital do calendário eleitoral em novo formato. O que significa a efetivação do fim das restrições para participação de qualquer empregado na escolha do representante dos trabalhadores no Conselho de Administração. Segundo a Caixa, a nova redação do estatuto vai assegurar a exclusão do requisito da experiência gerencial para as candidaturas de conselheiro representante, que impedia a participação de 80% do quadro dos empregados. Com isso, ficará permitida a inscrição de qualquer bancário. Não ficou estabelecido, porém, nenhum prazo para que isto ocorra, ficando a discussão sobre o assunto para os próximos dias.
Nova rodada
Os temas relativos à Funcef, jornada e Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon) serão tratados em nova rodada de negociação na próxima terça-feira, dia 3 de setembro, às 15h, em Brasília.
Calendário de luta
Setembro
Dia 3 – Quarta rodada de negociação específica entre Comando e Caixa Federal.
Dias 3 e 4 – Mobilização em Brasília para pressionar deputados contra PL 4330 na CCJC da Câmara dos Deputados.
Dia 5 – Quarta rodada de negociação entre o Comando e a Fenaban
Fonte: Contraf-CUT com Fenae