
Após três rodadas de negociação com o Comando Nacional dos Bancários, a Fenaban não apresentou nenhuma contraproposta às reivindicações da categoria. O silêncio sepulcral dos Bancos configura um verdadeiro desrespeito à categoria. No segundo dia (27) da terceira rodada, quando o tema foi Remuneração (cláusulas econômicas), estavam colocadas todas as condições para a Fenaban dar uma resposta. Afinal, os balanços do primeiro semestre deste ano apontam lucratividade crescente. Os seis maiores Bancos, por exemplo, lucraram R$ 29, 6 bilhões. “Era e é possível a Fenaban não apenas repor a inflação, pagar o aumento real proposto, mas também pagar uma PLR que reflita a alta lucratividade, construída no dia a dia por todos os bancários. O silêncio, no entanto, deixa claro que os Bancos querem briga. É chegada a hora de intensificar a mobilização”, avalia o presidente do Sindicato, Jeferson Boava.
Depois do mutismo demonstrado nos dias 8 e 9 (primeira rodada), 15 e 16 (segunda rodada) e 26 e 27 (terceira rodada), os representantes da Fenaban se limitaram em concordar com uma nova rodada, que será no dia 5 de setembro. “A categoria não aceita essa enrolação, que já virou uso e costume por parte dos Bancos. Como não aceita a ‘manipulação’ de balanços, o uso do intitulado Provisionamento de Devedores Duvidosos (PDD) para dar a ideia que a situação não é das melhores. Porém, essa prática não cola. Os bancários exigem melhores condições de trabalho e salários decentes, compatíveis com o ritmo, volume de trabalho. Sem falar que os bancários não aguentam mais cobrança de metas abusivas, assédio moral. A categoria quer, acima de tudo, qualidade de vida”, destaca o presidente do Sindicato.
Produtividade cresce
O Comando Nacional apresentou durante a terceira rodada, estudo do Dieese com base nos balanços. Enquanto o número de bancários por agência diminuiu 5% (de 24,15 para 22,95) entre junho de 2012 e junho de 2013, em razão do enxugamento de postos de trabalho, no mesmo período o lucro líquido por bancário aumentou 19,4%; a carteira de crédito por empregado cresceu 19,8%; e o número de conta-corrente por trabalhador passou de 285 para 304 (crescimento de 6,9%).
Salário médio cai
Apesar do aumento da produtividade e dos ganhos reais da categoria com mobilizações e greves, que entre 2004 e 2011 foi de 13,94% no salário e 31,70% no piso, a remuneração média (salário mais verbas fixas) dos bancários diminuiu nesse período.
Segundo dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego, a remuneração média da categoria em 2004, deflacionada pelo INPC, era de R$ 4.817,12. Em 2011 (último ano disponível pela Rais), o valor médio salarial do bancário caiu para R$ 4.743,59 – uma redução de 1,5% no poder de compra dos salários.
PCS: Carreira
A categoria reivindica critérios objetivos e transparentes para a ascensão profissional, o que inclui reajuste anual de 1% em todas as verbas de natureza salarial e a partir do quinto ano completo de serviço o reajuste de 2%.
A categoria reivindica também a movimentação horizontal e/ou vertical de pelo menos um nível na tabela salarial a cada cinco anos na mesma função. E para os cargos das carreiras administrativas, operacional e técnica querem que o preenchimento seja feito por meio de seleção interna. A Fenaban provocou: disse que a reivindicação é uma maneira disfarçada de pedir anuênio e não querem discutir PCS, afirmando que isso é “interferência insuportável” para os bancos.
Luta
A Fenaban não quer NADA. Ou melhor, quer deixar as coisas como estão e ponto final. Para que as reivindicações sobre saúde, segurança, condições de trabalho, emprego, igualdades de oportunidade e salários se concretizem é preciso se mexer, é preciso agitar. Chegou a hora.
Calendário de negociação
Dia 29/08: Banco do Brasil e Caixa Federal.
Dia 5/09 – Quarta rodada entre Comando e Fenaban