
Os dados são da 5ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), com apoio técnico do Dieese, a partir de notícias da imprensa, estatísticas de Secretarias de Segurança Pública (SSP) e informações de sindicatos e federações de vigilantes e bancários, divulgada hoje (22).
O levantamento foi coordenado pelo Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, com o apoio do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, da Federação dos Vigilantes do Paraná e da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT/PR). O número de casos certamente foi ainda maior devido à dificuldade de levantar informações em alguns estados e pelo fato de que muitas ocorrências não são divulgadas pela imprensa.
A pesquisa aponta também que os números superam os dados do segundo semestre de 2012, quando foram verificados 1.269 ataques, dos quais 390 assaltos e 879 arrombamentos.
São Paulo é o estado que mais uma vez lidera o ranking, com 334 ataques. Em segundo lugar aparece de novo Minas Gerais, com 170, em terceiro o Paraná, com 118, em quarto a Bahia, com 117, e em quinto a Paraíba, com 95. A região Sudeste segue com o maior número de ataques (550), seguida do Nordeste (524), Sul (258), Centro-Oeste (123) e Norte (29).
Bancos não investem em segurança
Segundo estudo do Dieese, com base nos balanços publicados do primeiro semestre de 2013, os seis maiores bancos lucraram R$ 29,6 bilhões e aplicaram R$ 1,6 bilhão em despesas com segurança e vigilância, o que representa uma média de 5,4% na comparação entre os lucros e os gastos com segurança.
Número de assaltos é 2,6 vezes
maior que estatística da Febraban
O número de assaltos da pesquisa é 2,6 vezes maior que a estatística nacional de assaltos da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Enquanto a pesquisa da CNTV e Contraf-CUT aponta 431 ocorrências no primeiro semestre deste ano, a Febraban apurou 163 no mesmo período, uma diferença de 268 casos.
30 mortes em assaltos envolvendo bancos no 1º semestre
Outro diagnóstico da violência nos bancos é a pesquisa nacional sobre mortes em assaltos envolvendo bancos, elaborada pela Contraf-CUT e CNTV a partir de notícias da imprensa, com apoio técnico do Dieese. No primeiro semestre de 2013, o levantamento apurou a ocorrência de 30 assassinatos, média de cinco vítimas fatais por mês, um aumento de 11,1% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 27 mortes.
São Paulo (14), Rio (5), Bahia (3) e Rio Grande do Sul (3) foram os estados com o maior número de casos. A principal ocorrência (60%) foi novamente o crime de “saidinha de banco”, que provocou 18 mortes. Já os clientes foram outra vez a maioria das vítimas (21), seguido dos vigilantes (4). Um gerente do Banco do Brasil foi morto no Piauí.
Multas da Polícia Federal provam
que bancos descumprem legislação
O descaso dos bancos é evidente diante das multas aplicadas pela Polícia Federal nas reuniões da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP) da Polícia Federal (PF). No primeiro semestre deste ano, os bancos foram multados em mais de R$ 8,8 milhões por descumprimento da lei federal 7.102/83 e de normas de segurança. As principais infrações dos bancos foram a ausência de plano de segurança aprovado pela PF, número insuficiente de vigilantes, alarme inoperante e utilização de bancários para transporte de valores, dentre outros itens.
Propostas dos vigilantes e bancários para garantir segurança
– Porta giratória com detector de metais antes da sala de autoatendimento com recuo em relação à calçada onde deve ser colocado um guarda-volumes com espaços chaveados e individualizados.
– Vidros blindados nas fachadas.
– Câmeras de vídeo em todos os espaços de circulação de clientes, bem como nas calçadas e áreas de estacionamento, com monitoramento em tempo real e com imagens de boa qualidade para auxiliar na identificação de suspeitos.
– Biombos ou tapumes entre a fila de espera e a bateria de caixas, com o reposicionamento do vigilante para observar também esse espaço junto com a colocação de uma câmera de vídeo, o que elimina o risco do chamado ponto cego.
– Divisórias individualizadas entre os caixas, inclusive os eletrônicos.
– Ampliação do número de vigilantes visando garantir o cumprimento integral da lei 7.102/83 e durante todo horário de funcionamento das agências e postos de atendimento.
– Fim da guarda das chaves de cofres e das unidades por bancários e vigilantes, ficando as chaves na sede das empresas de segurança.
– Proibição do transporte de valores por bancários; operações de embarque e desembarque de carros fortes somente em locais exclusivos e seguros; e fim do manuseio e contagem de numerário por vigilantes no abastecimento de caixas eletrônicos.
– Atendimento médico e psicológico para trabalhadores e clientes vítimas de assaltos, sequestros e extorsões.
– Escudos e assentos no interior das agências e postos de atendimento para os vigilantes.
– Instalação de caixas eletrônicos somente em locais seguros.
– Maior controle e fiscalização do Exército no transporte, armazenagem e comércio de explosivos.
– isenção das tarifas de transferência de recursos (DOC, TED) para reduzir a circulação de dinheiro e combater o crime da “saidinha de banco”.
Fonte: Contraf-CUT