
No painel sobre Saúde e Condições de Trabalho, o professor da Faculdade de Educação da Unicamp e professor conveniado à Université de Nanterre/Paris,França, Roberto Heloani, abordou o tema Assédio Moral. Em sua opinião, a origem do assédio moral é a organização do trabalho. A responsabilidade por essa nociva prática é única e exclusivamente do empregador, que contrata, promove e impõe metas inatingíveis. Como disse em palestra na sede do Sindicato, realizada no dia 26 de maio do ano passado (veja vídeo) , Heloani admite a existência de pessoas com índole perversa no ambiente de trabalho, porém trata-se de uma minoria. Essa conduta, destaca Heloani, é propiciada, desenvolvida pela própria organização do trabalho, que possibilita também que a pessoa se torne um candidato a assediador ou assediado.
O pesquisador pontua algumas situações que aumentam a vulnerabilidade organizacional para a incidência de assédio moral: 1) gestor que não tem capacidade e se impõe aos empregados através do medo; 2) promoções que não são feitas de uma maneira transparente (aumenta os casos de assédio entre os colegas devido a competição); 3) assédio de baixo para cima com o boicote de funcionários a gestores; e 4) assédio misto: os próprios colegas incorporando como verdade as injustiças praticadas pelo assediador. E recomenda: a) nunca conversar com o assediador em particular; e b) não mostrar fragilidade permitindo brincadeiras de mau gosto (exemplo, apelidos).
Assédio moral – Na definição de Heloani, é uma conduta abusiva, intencional, frequente e repetida, que ocorre no ambiente de trabalho e que visa diminuir, vexar, constranger, humilhar psiquicamente um indivíduo ou um grupo, degradando as suas condições de trabalho, atingindo a sua dignidade e colocando em risco a sua integridade pessoal e profissional.
Ministro condena rotatividade
O ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, condenou a rotatividade no setor bancário, apontada pela pesquisa Contraf-CUT/Dieese (veja abaixo), durante entrevista coletiva à Imprensa no início da tarde desta sexta-feira, dia 20. Segundo ele, a rotatividade não pode ser usada como medida para reduzir o custo da folha de pagamento. Para Brizola Neto, um dos caminhos para inibir a rotatividade é a ratificação da Convenção 158 da OIT, que proíbe a demissão imotivada. O ministro defende a mesma proposta do movimento sindical, porém observou que quando exercia o cargo de deputado no Congresso Nacional, encontrou forte resistência para que inserir o país entre as nações que ratificaram a citada Convenção. Brizola Neto destacou que outro caminho é a regulamentação do artigo 239 (clique aqui) da Constituição Federal, que trata do financiamento do seguro-desemprego via PIS (Programa de Integração Social).
Pesquisa Dieese – A 13ª edição da Pesquisa de Emprego Bancário, realizada pela Contraf-CUT e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgada hoje (20/07), apontou que o sistema financeiro nacional gerou 1.144 novos empregos no primeiro trimestre de 2012, o que representa uma queda de 83,3% em comparação com o mesmo período do ano passado. Houve fechamento de postos de trabalho em grandes bancos, principalmente Itaú e Banco do Brasil. A rotatividade de mão-de-obra continua alta nas instituições financeiras e é utilizada para conter a expansão da massa salarial. O salário médio dos trabalhadores contratados foi 38,2% inferior ao dos desligados. E as mulheres continuam ganhando menos que os homens nas instituições financeiras.
Segundo a pesquisa, elaborada com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, entre janeiro e março, os bancos desligaram 10.001 trabalhadores e contrataram 11.145. No mesmo período do ano passado, o saldo positivo de empregos nos bancos foi de 6.851 vagas. Essa queda brusca de 83,3% é quase três vezes maior que a desaceleração do emprego na economia como um todo, que apresentou 27,5% de redução de crescimento de vagas de trabalho nos primeiros três meses do ano.
A remuneração média dos admitidos foi de R$ 2.656,92 e a dos desligados de R$ 4.299,27 no primeiro trimestre – uma diferença de 38,20%. Na economia brasileira como um todo, a diferença entre a média salarial dos contratados é 7% inferior à média salarial dos demitidos.
Emprego
No painel sobre Emprego, que contou com a participação do ministro Brizola Neto e do técnico do Dieese, Nelson Karam, o professor do Instituto de Economia da Unicamp, Anselmo Luis dos Santos, disse que, mesmo com a política de valorização adotada pelo governo nos últimos anos, o salario mínimo permanece defasado, até em relação a alguns países da América Latina.
Após os debates da mesa, o Sindicato dos Bancários de Curitiba entregou ao ministro do Trabalho e Emprego, documento onde denuncia o HSBC, que promoveu uma verdadeira devassa na vida dos bancários afastados para tratamento de saúde; inclusive investigando a vida profissional e pessoal.
Ainda na tarde desta sexta-feira, antes da abertura oficial da Conferência, painéis sobre Remuneração e Segurança.
Foto: Leandro Taques