Os 316 delegados do 3º Congresso da Contraf-CUT elegeram por unanimidade no último domingo, 1º de abril, a nova direção da entidade para o triênio 2012-2015. Carlos Cordeiro foi reeleito presidente; o vice-presidente do Sindicato, Mauri Sérgio, foi eleito diretor executivo (abaixo a nova diretoria). Na véspera, dia 31 de março, os delegados aprovaram as estratégias de luta (sete eixos). A mesa que debateu a ação da Contraf-CUT para os próximos três anos foi coordenada pelo presidente do Sindicato, Jeferson Boava. Segundo ele, o 3º Congresso reafirmou a unidade nacional. “Novamente, o Sindicato está na direção da
Contraf-CUT, que representa 90% dos bancários. O Congresso mostrou a unidade sindical, a unidade entre as forças políticas, que fortalece a luta da categoria em suas várias frentes; entre elas, no enfrentamento com os Bancos, na sociedade”. Os bancários de Campinas e Região foram representados no 3º Congresso, iniciado no dia 30 de março, pelos delegados Cristiano, Gabriel, Gustavo, Mauri, Gisele e Cida (diretores do Sindicato), eleitos por unanimidade em assembleia realizada no dia 16 de fevereiro último. O presidente Jeferson Boava, diretor executivo da Contraf-CUT, participou como delegado nato.

Novas secretarias e campanha por saúde
Antes da eleição da nova diretoria, a plenária final do 3º Congresso da Contraf-CUT aprovou por unanimidade algumas alterações estatutárias, atualizando o texto para a realidade atual da confederação. Entre as principais mudanças, a criação das secretarias da Mulher e de Relações de Trabalho, que já existem na estrutura da CUT.
Conheça a nova diretoria executiva da Contraf-CUT:
Presidência – Carlos Cordeiro (São Paulo)
Vice-presidência – Carlos Souza (Rio de Janeiro)
Secretária-Geral – Ivone Silva (São Paulo)
Secretaria de Finanças – Roberto Von Der Osten (Paraná)
Secretaria de Imprensa – Ademir Wiederkehr (Rio Grande do Sul)
Secretaria de Formação – William Mendes (São Paulo)
Secretaria de Políticas Sociais – Andrea Freitas Vasconcelos (Roraima)
Secretaria de Política Sindical – Carlindo Abelha (Minas Gerais)
Secretaria de Organização – Miguel Pereira (Rio de Janeiro)
Secretaria de Estudos Sócio-econômicos – Antonio Piroti (Rio Grande do Sul)
Secretaria de Saúde – Walcir Previtale (São Paulo)
Secretaria de Relações Internacionais – Mario Raia (São Paulo)
Secretaria de Assuntos Jurídicos – Alan Patrício (Pernambuco)
Secretaria da Mulher – Deise Recoaro (São Paulo)
Secretaria de Relações do Trabalho – Adilson Barros (Rio de Janeiro)
Diretores executivos
Plinio Pavão (São Paulo)
Simoni Nascimento (Santa Catarina)
Mauri Sergio Souza (Campinas)
Marcos Saraiva (Ceará)
Fabiana Uehara (Brasília)
Manoel Elidio Rosa (São Paulo)
Rosalina Amorim (Pará)
Barbara Peixoto de Oliveira (Brasilia)

Estratégias de luta
1. Disputar os rumos da sociedade
Para disputar os rumos da sociedade, o texto aprovado destaca a luta por um estado democratizado, reforma tributária, reforma política, regulamentação do sistema financeiro e comunicação.

As campanhas nacionais realizadas pelos bancários nos últimos anos colocam no centro do debate a divisão da renda, a geração de mais postos de trabalho, o fim da terceirização, o combate ao adoecimento da categoria e do assédio moral; enfim, o valor social do trabalho e sua importância na estruturação social do país.
O movimento sindical bancário somente se tornará referência para os trabalhadores se levar esses debates de dentro para fora dos sindicatos. Os dirigentes têm que estar engajados nessas grandes reformas necessárias, pois é fundamental a qualificação e a capacitação para a disputa dos diversos espaços na sociedade: Legislativo, Executivo e Judiciário, meios de comunicação, conselhos etc.
2. Lutar pelo Emprego Decente
O texto aprovado reforça o conceito de trabalho decente, já aprovado pela 13ª Conferência Nacional dos Bancários realizada no ano passado, como eixo norteador de sua política para a próxima gestão.
O conceito de trabalho decente foi adotado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1999, para sintetizar um conjunto de direitos pelos quais os trabalhadores devem lutar e conquistar em busca de uma vida mais digna, dentro e fora do ambiente de trabalho. O conceito engloba os direitos previstos nas convenções fundamentais da OIT.
Será realizada em Brasília, em maio deste ano, a Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente, que está sendo precedida por conferências regionais e estaduais. A participação dos bancários nesses fóruns é de fundamental importância, pois terá a oportunidade de defender posições estratégicas para a classe trabalhadora. O que significa, entre outras coisas, lutar por remuneração digna, por emprego seguro e de qualidade, pela formalização do trabalho e fim da precarização, por igualdade de direitos para todos, pela proteção da saúde e segurança dos trabalhadores, pela ampliação da cobertura da previdência social e liberdade de organização sindical. E, no âmbito mais geral, promover o desenvolvimento econômico do país e a geração de emprego e renda para todos.
Entre as propostas aprovadas destacam-se a manutenção da luta por aumentos reais de salário, valorização do piso e melhorias crescentes na PLR, PCS em todos os bancos, campanha pelo fim da rotatividade, respeito à jornada de seis horas, promoção da igualdade de oportunidades e combate a todos os tipos de discriminação.
3. Definir os rumos do movimento sindical
O texto aprovado apresenta temas para definir os rumos do movimento sindical: lutar pela liberdade e autonomia sindical, fortalecer o sindicalismo independente e combativo, ampliar a sindicalização e a representatividade dos sindicatos, ampliar a organização por local de trabalho, trazer a juventude para a luta sindical, estimular a presença de mulheres nos sindicatos, consolidar a luta contra a discriminação e o preconceito nos sindicatos, defender a valorização do dirigente sindical, estabelecer a formação sindical como ferramenta estratégica e produzir pesquisas e estatísticas para a disputa social.
4. Atualizar o projeto político e organizativo
O texto aprovado faz uma retrospectiva da estrutura sindical da Contraf-CUT, salientando a resistência na ditadura militar, a organização do Departamento Nacional de Bancários (DNB-CUT), em 1985, e a fundação da Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT), em 1992, ano em que foi assinada primeira convenção coletiva de trabalho, hoje válida para funcionários de bancos públicos e privados de todo Brasil.
O documento enfatiza o modelo de Confederação que desejamos e os desafios da atualização do projeto político e organizativo da Contraf-CUT.
5. Atualizar o modelo de negociação
O texto aprovado foca a necessidade de atualização o modelo de negociação da Contraf-CUT, salientando a estratégia de campanha nacional unificada, lançada, em 2004. Os bancários conquistaram reajustes acima da inflação todos os anos, acumulando desde então aumento real de salário de 13,9% e de 31,7% no piso, além de melhorias contínuas na PLR – o que tem contribuído decisivamente para a distribuição da renda e o consequente fortalecimento do mercado de consumo interno.
A estratégia da campanha unificada também foi fundamental para a conquista de outros importantes avanços sociais e políticos e nas áreas de saúde do trabalhador, segurança e igualdade de oportunidades.
Também é destacado o modelo de mesa de negociações com bancos públicos federais, estaduais e regionais e a atuação das Comissões de Organização dos Empregados (COEs). Ainda merece ênfase o modelo dos coletivos e o funcionamento das mesas temáticas
6. Construir a autonomia financeira
O texto aprovado destaca a importância de construir a autonomia financeira da Contraf-CUT, valorizando a sustentação financeira e as fontes de receita, com propostas visando ampliar a filiação de sindicatos à CUT e à Contraf, o aumento do número de trabalhadores sindicalizados e a regularização das mensalidades da Contraf.
7. Construir alianças sociais no mundo
O documento aprovado ressalta a importância de construir alianças sociais no mundo, fortalecendo a política internacional da Contraf-CUT. Esse foi um dos campos de atuação em que a Confederação se destacou e ganhou espaços no último período.
Essa é uma estratégia correta de ação sindical, uma vez que o capitalismo não tem pátria e suas políticas e desdobramentos atingem a todos os países e trabalhadores indistintamente e a todo tempo. Com a intensa financeirização das economias globais e a migração diária de trilhões de dólares pelos diversos mercados financeiros, é imprescindível a globalização sindical e essa aliança estratégica entre os representantes dos trabalhadores em todo o planeta. Seja para pautar o G-20 de temas fundamentais para o desenvolvimento, tais como a regulamentação do sistema financeiro internacional e sustentabilidade, como também exigir mudanças, a partir da OIT, que contemplem e protejam os direitos dos trabalhadores em todo o mundo.
A Contraf-CUT assumiu um papel protagonista no desenvolvimento da organização sindical internacional do setor financeiro na América Latina, por intermédio da atuação na Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS) e na UNI Américas, não só pelo tamanho da representatividade que tem os trabalhadores do setor financeiro no Brasil, mas pela experiência da CUT de organização dos trabalhadores no país.
Essa atuação no continente transformou o movimento sindical bancário brasileiro numa referência global, a partir da qual foi assumindo cada vez mais responsabilidades dentro da UNI Sindicato Global na luta internacional em defesa dos direitos dos trabalhadores.
O texto aprorvado faz ainda uma retrospectiva da filiação da Contraf-CUT à UNI e aponta a estratégia de construção dos Acordos Marco; a estratégia de acompanhar as contratações e negociações nas Américas e a atuação na CCSCS.

Moção pelo direito de saber a verdade
A plenária final do 3º Congresso da Contraf-CUT aprovou por unanimidade uma moção pelo direito de saber a verdade e contra os crimes da ditadura militar no Brasil (1964 a 1985). Trata-se de um repúdio “àqueles que querem cercear o direito de todos tomarem conhecimento dos crimes cometidos”. A diretora de Imprensa do Sindicato, Cida, participou da mesa coordenadora desse debate.
Leia abaixo a íntegra da moção:
Pelo direito de saber a verdade
Contra os crimes da ditadura militar no Brasil (1964 a 1985)
O 3° Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em respeito ao Direito à Verdade, faz saber à classe trabalhadora, à Nação e ao povo brasileiro, que aprova MOÇÃO DE REPÚDIO:
– àqueles que querem cercear o direito de todos tomarem conhecimento dos crimes cometidos durante a Ditadura Militar no Brasil;
– repudia as comemorações dos militares em apoio ao Golpe Militar, negando que ele foi contra a democracia existente na época e contra um governo constituído.
Os trabalhadores da área financeira de todo o país, reunidos neste congresso, se solidarizam com os manifestantes reunidos ordeiramente no Rio de Janeiro para exigir o direito à verdade.
Este Congresso condena esta abominável comemoração, que enalteceu o assassinato, a prisão, a tortura, o exílio e o desaparecimento de centenas de trabalhadores, estudantes, intelectuais, que dedicaram ao povo brasileiro os seus melhores anos, suas vidas e seus ideais. Dentre eles Aloísio Palhano, ex-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e um dos fundadores da primeira confederação nacional dos bancários, na década de 1950, que foi preso, torturado e morto nas dependências do DOI-CODI.
Este Congresso alerta que o povo trabalhador brasileiro está atento a qualquer ato que possa vir a comprometer a democracia em nosso país, e exige das atuais autoridades federais o pronto cumprimento da solene promessa de implantar uma Comissão da Verdade, que investigue com integridade e de forma rápida e objetiva, a justeza dos fatos políticos ocorridos no período de 1964 a 1985, até hoje ocultados do povo brasileiro.
A história não pode e não deve ser escondida ou apagada. Os parentes e amigos, além dos brasileiros em geral, têm direito a saber onde estão seus irmãos, pais e filhos assassanidos pela repressão.
Esta Comissão é um caminho para que o Brasil possa vir a conhecer seus verdadeiros heróis, ainda sufocados pelos escombros da história vigente, criada pela ditadura e pelos inimigos da democracia.
Devemos respeitar as manifestações pacíficas e o direito de organização da sociedade. Só não podemos aceitar a proibição de se saber a verdade, mesmo que em nome de uma legalidade sem legitimidade.
A anistia foi para pacificar o Brasil, não para esconder sua história!
Vamos recuperar a história dos nossos heróis!
Aloísio Palhano e outras centenas de mártires …………… PRESENTES PELA COMISSÃO DA VERDADE JÁ !
São Paulo, 1° de Abril de 2012,
Plenária do 3° Congresso da Contraf-CUT
Fonte: Contraf-CUT