Durante a segunda rodada de negociação com o Comando Nacional, iniciada hoje (5/9), a Fenaban negou a existência de metas abusivas e não reconheceu o aumento do número de bancários adoecidos, inclusive questionou a veracidade das pesquisas. A exemplo da primeira rodada, realizada nos dias 30 e 31 de agosto, a Fenaban não aceitou as principais reivindicações sobre saúde e condições de trabalho. A rodada continua amanhã, dia 6. Na pauta, segurança bancária.
Apesar da Fenaban não reconhecer, não aceitar o adoecimento dos bancários, levantamento do INSS mostra que as doenças mentais, provocadas pela pressão por cumprimento de metas e pelo assédio moral, já se aproximam do número de casos de LER/DORT. Entre janeiro e junho de 2009, por exemplo, 6.800 bancários no Brasil foram afastados por doenças, dos quais 2.030 por LER/DORT e 1.626 por transtornos mentais. Pesquisa da Universidade de Brasília revelou que houve 181 suicídios de bancários entre 1996 e 2005, o que dá uma média de 18 por ano. “Negar a existência de bancários adoecidos, em decorrência do ritmo alucinante de trabalho, da cobrança de metas, é pura provocação; é desconhecer a realidade dentro dos locais de trabalho. É desrespeito”, avalia o presidente do Sindicato, Jeferson Boava, integrante do Comando.

Para combater o desrespeito dos bancos, o Comando propôs a participação dos bancários na fixação das metas, que devem levar em consideração o tamanho, a localização e o perfil econômico das dependências. O Comando Nacional também reivindicou que não haja meta de venda de produtos para os caixas. E que as metas não sejam individuais nem comparadas por quaisquer tipos de ranking.
A Fenaban, por sua vez, disse que o estabelecimento de metas é prerrogativa da gestão das empresas. Ressaltou que a recomendação dos bancos é evitar a divulgação de ranking individual de metas, e disse não ser possível fazer qualquer relação entre metas, assédio moral e adoecimento dos bancários.
Em resposta ao questionamento dos bancos, o Comando Nacional propôs a realização de uma pesquisa nacional conjunta sobre a saúde dos bancários e sobre as metas, além da inclusão na Convenção Coletiva de uma cláusula proibindo a divulgação de rankings individuais sobre cumprimentos de metas. A Fenaban assumiu compromisso em apresentar as propostas para a avaliação dos bancos.
Assédio moral
O Comando Nacional e a Fenaban concordaram com a retomada imediata da comissão de acompanhamento da cláusula de prevenção de assédio para concluir o balanço dos primeiros seis meses de vigência do programa.
Eliminação de riscos
O Comando Nacional defendeu a cláusula da pauta de reivindicações segundo a qual os bancos não podem manter bancários trabalhando no mesmo ambiente físico de agências e departamentos que estejam sendo submetidos à reforma. A Fenaban não aceitou incluir essa cláusula na Convenção Coletiva, afirmando que esse é um tema para discussão empresa por empresa, caso a caso. A Fenaban também rejeitou a reivindicação de manutenção da complementação salarial em valor equivalente à diferença entre a importância recebida do INSS e a remuneração total recebida pelo bancário (como salários, comissões, gratificações, adicionais, PLR, como se na ativa estivesse) até a cessação do auxílio-doença.
A Fenabam recusou ainda a proposta de que ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses seja automática, sem a necessidade de opção por parte da bancária.
Remuneração rodada dia 12
A terceira rodada, marcada para o próximo dia 13, foi antecipada para o dia 12, segunda-feira. Na pauta, remuneração. Fonte: Contraf