A greve dos bancários cresceu ontem (30) em Campinas e região. No segundo dia da paralisação foram fechadas 131 agências, sendo 71 em Campinas e 60 em 19 cidades da base do Sindicato dos Bancários de Campinas e Região, envolvendo 3.387 bancários. No primeiro dia (29), foram fechadas 99 agências, sendo 61 em Campinas e 38 em 18 cidades da região. “A tendência é que a greve cresça ainda mais no terceiro dia. É patente a insatisfação da categoria, que não aceita esse desrespeito dos bancos, manifestado no último dia 22, quando propuseram verbalmente tão somente a reposição da inflação e, agora, quando não demonstram nenhum interesse em resolver o impasse. Portanto, conclamo aqueles bancários que ainda não estão em greve a entrar no movimento nacional. Só a unidade da categoria poderá quebrar a intransigência dos bancos”, avalia o presidente do sindicato, Jeferson Boava. A greve continua hoje, conforme decisão da assembleia do último dia 29.
Plenária – Ontem à tarde, por volta das 16h30, o sindicato realizou plenária na sede, quando foi feita avaliação da greve, bem como debate sobre a organização do movimento visando a expansão em Campinas e região.
Quem parou: Banco do Brasil, Caixa Federal, Itaú Unibanco, Santander, HSBC, Safra e Mercantil do Brasil
Cidades em greve: Campinas, Americana, Amparo, Cabreúva, Cosmópolis, Elias Fausto, Espírito Santo do Pinhal, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Mogi Guaçu, Monte-Mor, Nova Odessa, Paulínia, Serra Negra, Socorro, Sumaré, Valinhos e Vinhedo.
Assembleia – O sindicato realiza nova assembleia na próxima segunda-feira, dia 4 de outubro, às 18h, na sede da entidade.
Nota oficial – Em nota oficial (veja abaixo), divulgada ontem, a Contraf CUT, da qual o sindicato é filiado, após relatar todo o processo de negociação, conclui que “os bancários continuam abertos à negociação e aguardam uma proposta dos bancos”.
Nota oficial da Contraf CUT:
Comunicado dos bancários à sociedade brasileira
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) informa que a greve da categoria por tempo indeterminado cresce em todo o país nesta quinta-feira 30, segundo dia da paralisação. E reafirma que os bancários sempre apostaram na negociação coletiva como forma de solucionar conflitos, mas foram impelidos à greve pela intransigência dos bancos. Veja por que:
1. A pauta de reivindicações foi entregue à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) no dia 11 de agosto. Mas em cinco rodadas de negociações (entre 24 de agosto e 22 de setembro), os bancos rejeitaram uma a uma todas as reivindicações da categoria sobre remuneração, emprego, saúde, condições de trabalho e segurança.
2. Na penúltima rodada, dia 14, os bancos assumiram o compromisso de apresentar uma “proposta global” na reunião seguinte, dia 22. Mas não cumpriram. Mesmo depois que outras categorias com a mesma data-base dos bancários (1º de setembro) já estavam fazendo acordos com aumentos reais de salário, no dia 22 os bancos apresentaram a proposta de 4,29% de reajuste (inflação do período) e zero de aumento real.
3. Dessa forma, os bancos desconsideraram nossa reivindicação de 11% de reajuste e rejeitaram as demandas por melhoria na Participação dos Lucros e Resultados (PLR), valorização dos pisos salariais, adoção de medidas de proteção da saúde focadas no combate ao assédio moral e às metas abusivas, mais segurança para trabalhadores e clientes nas agências, garantia de emprego, mais contratações e igualdade de oportunidades para acabar com as discriminações contra mulheres, negros e pessoas com deficiência.
4. Mesmo com a recusa, no dia 23 o Comando Nacional enviou carta à Fenaban solicitando que os bancos apresentassem até o dia 27 nova proposta que contemplasse as expectativas dos bancários, para que pudesse ser apreciada nas assembleias do dia seguinte. Mas a Fenaban sequer respondeu a carta.
5. Essa intransigência é incompatível com a situação privilegiada dos bancos. O lucro líquido apenas dos cinco maiores (BB, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa) somou R$ 21,3 bilhões no primeiro semestre. É um crescimento do lucro líquido de 32% na média em relação ao mesmo período do ano anterior.
6. Os bancários continuam abertos à negociação e aguardam uma proposta dos bancos.
Carlos Cordeiro
Presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários
2º dia de greve
Fotos: Júlio César Costa