Estudo encomendado pela Febraban (a federação brasileira dos bancos) aponta um aumento na concentração do setor bancário, em relação aos últimos nove anos, após a crise mundial detonada em 2008. Os pesquisadores responsáveis pelo estudo afirmam, no entanto, que vigora uma “razoável competitividade” no segmento, apontando que “maior concentração não significa necessariamente menor concorrência ou condutas menos competitivas”.
“Os indicadores parecem apontar uma relativa estabilidade no grau de concentração bancária entre junho de 2001 e junho de 2008”, avaliam os pesquisadores da consultoria Tendências, Márcio I. Nakane e Bruno Rocha. “A partir de então [meados de 2009], como resultado das operações e eventos ocorridos na esteira da crise econômica mundial, os indicadores de concentração dão um salto no mercado brasileiro, em um movimento, muitas vezes, alardeado como danoso à concorrência bancária”, acrescentam eles em seu estudo.
Entre 2008 e 2009, o mercado brasileiro foi sacudido por grandes operações de fusão e aquisição, entre as principais, a compra do ABN Real pelo Santander, a fusão Itaú-Unibanco e a absorção da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil.
Os pesquisadores argumentam, contudo, que não há evidências nem estudos definitivos que apontem o setor bancário brasileiro como mais monopolizado ou menos competitivo do que no restante dos países. Na verdade, eles apontam que não há estudos conclusivos nem de que, num mercado mais concentrado, a competitividade entre as empresas decresce.
“A teoria ainda indica que um mercado sem barreiras significativas à entrada, mesmo altamente concentrado, não permite às firmas explorar seu poder de mercado devido à ameaça potencial da concorrência pela entrada de rivais”, afirmam Nakane e Rocha.
Os economistas estudaram variáveis como rentabilidade dos bancos, despesas administrativas, despesas de pessoal, riscos da atividade, aplicados a um modelo que busca medir o grau de competitividade do sistema bancário. No caso brasileiro, o modelo aponta para uma situação de “equilíbrio com competição monopolista”.
Para os pesquisadores da Tendências, “a concentração bancária não é alta no Brasil relativamente ao observado no resto do mundo. Também não há evidências de que o setor bancário brasileiro tenha uma rentabilidade fora dos padrões internacionais. O indicador de retorno sobre o patrimônio (ROE) para a média do setor bancário brasileiro em 2007 foi de 14,9%, bem próximo ao registrado para a média dos países de renda alta e renda média (14,7%, em ambos)”.
Fonte: Folha Online