Insegurança bancária
O tradutor Gabriel Neves, ao comentar os roubos a bancos, em carta publicada na seção Correio do Leitor, edição do último dia 24 de junho deste jornal, ofendeu toda a categoria bancária. É compreensível o seu protesto. Porém, suspeitar que bancários estejam envolvidos com as ações de assaltantes — como verdadeiros comparsas – é pura calúnia.
O Sindicato dos Bancários, Financiários e Cooperavitários de Campinas e Região luta por mais segurança nas agências há quase duas décadas. Inclusive nos anos 90 do século passado deflagrou a campanha intitulada “Cuidado, agência sujeita a assalto” nas 37 cidades que compõem sua base territorial. Em Campinas, para citar um exemplo, a instalação de portas giratórias com dispositivos detectores de metais tornou lei municipal em 1993 depois de muita pressão dos movimentos sociais, incluindo os bancários. Além dessa luta em cada cidade, os sindicatos bancários têm exigido mais segurança dos bancos durante as reuniões da mesa temática denominada “Segurança Bancária”, formada por representantes dos trabalhadores e da Fenaban (Federação Nacional de Bancos). E em recente audiência com o ministro da Justiça Tarso Genro, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a qual o nosso sindicato é filiado, e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Vigilantes (CNTV) cobraram a revogação imediata da mensagem da Polícia Federal que flexibiliza a vigilância nas agências e postos. A medida, baixada no último dia 15 de abril, fragiliza ainda mais a segurança e aumenta o risco a que já estão expostos bancários, vigilantes e clientes.
Mesmo com toda essa mobilização, a insegurança ainda persiste dentro das agências bancárias, facilitando assim os frequentes roubos; alguns com intensa violência, como o ocorrido no dia 21 de julho de 2008 em Campinas que resultou em três mortes e dois feridos. Essa vulnerabilidade no sistema de segurança decorre de uma legislação defasada e da irresponsabilidade dos bancos, que pouco investem nessa área. Para agravar ainda mais a situação, os banqueiros, respaldados em normas do Banco Central, estão gradativamente terceirizando seus serviços via correspondentes bancários. Em nome de uma suposta ‘democratização’ do acesso da população da baixa renda à rede bancária, pulverizam alguns serviços em estabelecimentos comerciais, locais sem segurança adequada. Novamente, apenas os bancos ganham. Os trabalhadores dessa “nova rede”, também denominada de “bancarização”, não são remunerados como os bancários e nem mesmo contam com os direitos da categoria. Sem falar na ausência de representação. Os sindicatos bancários, que hoje fiscalizam e denunciam a falta de segurança aos bancos e às autoridades competentes, nada podem fazer nos chamados correspondentes. Perdem, mais uma vez, a categoria, clientes e usuários; enfim a população em geral, a sociedade.