O Dia Nacional de Luta em Defesa da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) e contra o descomissionamento, hoje (18), foi marcado com distribuição do jornal “O Espelho”, edição especial, e reuniões na agência Centro (Rua Costa Aguiar) e no Complexo Bonfim, em Campinas.
Derrotada na consulta sobre a reforma estatutária (91.796 associados votaram “não”; 38.970 votaram “sim”, realizada entre os dias 24 de setembro e 5 de outubro), a diretoria da Cassi anunciou uma série de medidas; entre elas, contingenciamento de despesas, revisão de programas de saúde e definição de quais prestadores de serviços iria pagar. A diretoria da Cassi, com anuência do BB, apelou, apostou no caos, na intervenção da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
BB não quer negociar
Após a rejeição da reforma estatutária, mais especificamente no último dia 10, as entidades representativas dos funcionários da ativa e aposentados (Contraf, sindicatos, Anabb, Contec, Faabb e Aafbb) se reuniram para discutir e definir os próximos passos visando equacionar os problemas da Cassi. Entre encaminhamentos, ofício conjunto ao BB solicitando abertura de negociações.
A resposta das diretorias Governança de Entidades Ligadas e Gestão de Pessoas, em ofício datado de 16 de outubro, não demonstra disposição em negociar. O item 7 deixa claro: “para que se tenha maior efetividade nas negociações, a proposta que vier a ser apresentada deverá contar com manifestação prévia da Cassi, com fundamentação técnica/atuarial e considerar o diagnóstico da consultoria, contratada a partir do acordo firmado com essas entidades”.
Proposta da Contraf
1. Valores do novo memorando de entendimentos (2019-2023).
· Ressarcimentos extraordinários e temporários, definir 1,5% para o corpo social, totalizando uma receita entre os anos de 2019 (inclusive) a 2023 de R$ 345 milhões/ano x 5 anos = R$ 1.725 bilhão da parte dos associados.
· Ressarcimento por parte do patrocinador sendo 1,5 vez este montante extraordinário e temporário, ou seja, R$ 517,5 milhões/ano e R$ 2.587 bilhões em 5 anos
Síntese: O Plano de Associados teria uma receita operacional nova de R$ 862,5 milhões/ano (R$ 4,3 bilhões entre 2019-23) para reequilibrar liquidez e margem de solvência, fazer os investimentos necessários (tecnológicos, estruturais e humanos) e ampliar o modelo assistencial.
2. Definição de metas de ampliação do modelo assistencial.
Sugestão de meta de crescimento da cobertura da ESF: 10% ao ano.
2019 – de R$ 185 mil para R$ 203,5 mil
2020 – de R$ 203,5 mil para R$ 223,8 mil
2021 – de R$ 223,8 mil para R$ 246,2 mil
2022 – de R$ 246,2 mil para R$ 270, 8 mil
2023 – de R$ 270,8 mil para R$ 300 mil
3. GDI
– Regularização dos valores apontados no GDI (Grupo de Dependentes Indiretos): R$ 450 milhões, a ser repassado pelo BB à Cassi.
Descomissionamento
A onda de descomissionamento baseada somente na avaliação de um superior ainda não cessou. O Sindicato já coordenou paralisações dos serviços em duas agências de Campinas. No dia 2 de agosto, duas gerentes foram descomissionadas na agência Taquaral Empresa (PJ), com paralisação no dia seguinte (3). No dia 1º deste mês de outubro, uma gerente de relacionamento foi descomissionada na agência Estilo Norte-Sul, com paralisação no último dia 3.
Implantada para capacitar e desenvolver competências, em sintonia com as estratégias organizacionais e visando atender as aspirações do funcionário, segundo informações postadas no Portal BB, a GDP (Gestão do Desempenho Profissional) transformou-se em instrumento de punição; a diretoria do banco jogou a avaliação coletiva na lata de lixo. “Hoje, prevalece a subjetividade; vale apenas a palavra do superior. O que configura desvio, retrocesso. É preciso critérios claros. Vamos cobrar na mesa de saúde e condições de trabalho, que reúne representantes dos sindicatos e do banco”, avalia a diretora do Sindicato Elisa Ferreira.
O novo Aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), vale lembrar, prevê três ciclos avaliatórios consecutivos com desempenhos insatisfatórios para efeito de descomissionamento.
Fotos: Roberto Gonçalves