A Resolução 3954 editada pelo Banco Central (BC) no dia 24 de fevereiro para normatizar as atividades dos correspondentes bancários, alterada por novas medidas publicadas no último dia 31, amplia a terceirização no sistema financeiro nacional, desregulamenta a prestação de serviços no setor, desregula na prática a atividade bancária e traz riscos para a segurança das transações financeiras dos clientes e usuários. Segundo nota Contraf CUT, a resolução e sua complementação, em síntese, permitem que:
1. Qualquer sociedade, pública ou privada, poderá atuar como correspondente bancário, passando inclusive a ter como atividade principal o papel de correspondente.
2. Os próprios bancos poderão criar suas próprias empresas para atuar como correspondente bancário. Isso significa que os bancos não terão mais interesse em abrir agências.
3. Os correspondentes bancários terão suas funções ampliadas, passando a oferecer “prestação de serviços de atividades de atendimento a clientes e usuários da instituição contratante” (ou seja, os bancos), inclusive de recebimentos e pagamentos e de encaminhamento de cartões de crédito.
“Ao contrário da justificativa do BC de que a resolução aumentará a bancarização da população brasileira, as novas medidas acentuarão a exclusão, uma vez que permitirão aos bancos segmentar sua clientela segundo a categoria de renda, e beneficiarão apenas as instituições financeiras, que aumentarão a sua lucratividade”, avalia a confederação da qual o sindicato é filiado. Ainda segundo a nota da Contraf, “além das inúmeras irregularidades quanto ao conteúdo das mudanças, o Banco Central exorbitou de sua função e violou a Constituição ao editar a resolução. Ela significa na prática uma reforma do sistema financeiro, papel legislativo que cabe exclusivamente ao Congresso Nacional no capítulo referente ao Sistema Financeiro Nacional (Art. 192). Por todas essas razões, a Contraf está solicitando audiências ao Ministério da Fazenda, ao Banco Central, ao Ministério do Trabalho e Emprego e às comissões de Trabalho e de Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, e fará tudo que estiver a seu alcance para reverter os efeitos das novas medidas” E considera “um escândalo a forma como o BC impôs as novas normas – as alterações do dia 31 de março inverteram totalmente o sentido de algumas cláusulas da resolução emitida 35 dias ante-, sem ouvir os bancários, as entidades de defesa do consumidor e a sociedade, para atender a todos os desejos dos bancos”.
17/05/2011
Resolução do BC amplia terceirização
Correspondente